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A mostrar mensagens de 2014

Gosto (XXIII)

Gosto de entrar em casa de outras pessoas, especialmente aquelas em que nunca entrei. As casas são o mundo que as pessoas constroem para o seu mais alto conforto, por isso, conhecer as casas ajuda a que conheçamos melhor as pessoas e, consequentemente, a que compreendamos melhor a vida. Prefiro casas misteriosas, sem grande decoração e não gosto nada de decorações burguesas.

Comiseração (VIII)

Quando subo a rua tentando todas as oportunidades para lograr alguma da felicidade prometida, apercebo-me quão inúteis são os meus esforços debaixo do sol. Em todos os rostos tranquilos vejo a vontade que me foi vedada e a verdade sempre ocultada. Porque não sou o Outro? Aquele ali que está de pé por baixo da sala e vê-se até a sua mão feliz comandada por olhos sorriso, ou o Empregado de Mesa a dançar servindo os outros, ou simplesmente um animal sem este passado que carrego no fardo. É um salto para o abstracto procurar perguntas sem palavras. Nadir Veld

Comiseração (VIII)

Oh Deus! Nunca consigo manter a corrente. Inunda sempre para fora das margens e eu vejo-me arrastado violentamente para longe de mim. Para longe dos pensamentos que estava a ter. Por vezes perco-me quando já estou perdido. Fico duplamente desfocado, triplamente às escuras. Oh Deus! Para quando o fim? Nadir Veld

A Entrevista CENSURADO?

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Os Dinossáurios de Biblioteca, arquitectos de maldades, mestres principais na complexa governação dos Sistemas de Controlo, voltaram a fazer das suas. A estreia do filme com Seth Rogan e James Franco foi adiada e houve uma polémica parva no mundo à volta desse facto, com o presidente dos EUA a aparecer a dizer que a Sony tinha feito mal em ter adiado a estreia por causa de ameaças terroristas. "Os EUA não cedem". todo o mundo a falar de um filme que, a julgar pelos trailers,  parece ser uma merda sem valor... Se a Coreia do Norte, ou até mesmo os jhiadistas  do Estado Islâmico, fizessem um filme com massacres e assassinatos de americanos aleatórios e até do Obama, os EUA também não iam gostar que esse filme fosse livremente exibido pelas salas de cinema do mundo...Se o Estado Islâmico fizesse um filme a promover-se, essa obra ia ser odiada e perseguida, mas os americanos já podem dizer ao mundo de que países e de que regimes as pessoas devem gostar...Enfim...capitalismo?

Não Gosto (XXVIII) - Joana de Vasconcelos

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Detesto a pseudo-artista Joana Vasconcelos. Tudo o que ela faz é merda em estado puro. Não é daquela merda, que tem extractos de merda, NÃO! SÃO FEZES IGNÓBEIS DEFECADAS POR UMA POBRE MENTE. Eu já odeio esta mulher há muito tempo, mas a gota de água foi a sua última obra, despejada sem qualquer sentido no meu país de origem, o Brasil, mais concretamente no Rio de Janeiro. Um galo de Barcelos em ponto gigante, sem qualquer beleza, sem qualquer originalidade. Esta vaca gorda acha que por fazer coisas em ponto grande, elas passam a ser artísticas e bonitas, mas infelizmente para a Joana não é assim que funciona...A minha pergunta é: quem compra esta treta e porquê? Espanta-me que ainda se dê crédito a alguém que já demonstrou ter tão pouco talento, tão pouco para dizer, tão pouco para inovar. Espanta-me que uma das artistas mais conhecidas de Portugal possa ser tão má. É possível que seja uma das imposições da troika  e dos países poderosos do mundo que querem estragar a imagem de Po

Comiseração (VII)

Ela falou-me de um seu amigo albanês que matava pessoas por 5000 euros sem porquês, mas quando a história lhe era explicada e ele até concordava que a vítima merecia a morte por causa dos seus actos, o preço podia baixar cerca de 1000 euros. Certa vez, fez desaparecer um marido agressor, cuja mulher apresentava nódoas negras em todo o corpo, por apenas 2000 euros. Disse-me que ele trabalhava muito bem. Era o melhor. Ainda não tinha sido declarado o óbito de nenhuma das suas vítimas. Costumavam aparecer na televisão familiares choramingantes dizendo que os seus entes queridos tinham desaparecido sem deixar rasto, que alguma coisa de mal lhes tinha acontecido, que suspeitavam da morte, mas nunca a podiam confirmar, viviam na dúvida. Começavam-se grandes buscas que redundavam sempre em nada. Era um autêntico desvanecimento para o vazio, como se houvesse um buraco no mundo que apenas ele conhecia e onde ia despejando as suas vítimas. Ela repetiu-me várias vezes que eu devia ter cuidado. Qu

Comiseração (VI)

O Anjo Negro surgiu e fechou-me todas as estradas possíveis. Olhei para todos os caminhos, para tudo o que podia fazer e entendi definitivamente que não havia nada de relevante que eu pudesse oferecer em nenhuma das minhas especializações; ia ser sempre o convidado desconhecido nas festas cerimoniais em que se reuniam os artífices, os especialistas, que olhariam sempre com sobranceria para o que quer que eu fizesse. Este Anjo Negro ajudou a que se espalhasse a sombra sobre todos os planos. Ele não apareceu inesperadamente. Algumas pessoas que me conheciam devem ter-lhe falado de mim. Ele apresentou-se e eu fui-me habituando a ele. Achei que podia viver com ele e que até me podia dar força, mas cedo se superiorizou a mim. A partida dela fez com que se destroçassem todos os pilares. Ruiu a estrutura da minha vida. Quando dei por mim, o Anjo Negro estava instalado na minha vida e não havia forma nenhuma de correr com ele de volta para o buraco infernal de onde surgiu. Nadir Veld

Comiseração (V)

Fiquei a dormir e deixei tudo escapar. Quando acordei não pude levantar-me, tinha de descansar um pouco mais, voltei a dormir e fiquei num torpor em que ainda estou. Decidi abandonar definitivamente todos aqueles projectos com que em tempos vivi, que fui desenvolvendo na minha cabeça, com que sonhei longamente, dos quais falei com muitas pessoas, que apresentei a familiares que me brindaram com sorrisos, palavras de encorajamento e olhares de carregada esperança para mim. Ficava-me bem ter projectos, mostrava que eu era um pedaço de homem lutador e desejoso de conquistar o mundo. E houve mesmo uma época em que eu pensei que ia ter o mundo a meus pés. Tinha confiança e sentia-me capaz de pairar acima de todos os outros, de me diferenciar esplendidamente pela positiva, de ser único e desejado, de toda a gente estar a pensar em mim mesmo quando eu estava longe, mas tudo isso acabou. Agora fui derrotado pelo mundo. Tenho medo do ar livre e prefiro estar o máximo de tempo fechado sozinho no

Traduções erradas (Islão)

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لَا إِلٰهَ إِلَّا الله مُحَمَّدٌ رَسُولُ الله "Ah-li-la-lahli-lah-wah Allahu Akbar Mahometan Rasullah illah" A tradução que costumam dar para isto é falsa.... Não é "Não há Deus a não ser Alá", porque Alá é Deus. Melhor tradução: "Não há Divindade a não ser Deus e Maomé é o seu profeta" ou "Não há Deus a não ser Um cujo profeta é Maomé".... Na primeira hipótese "Não há Deus a não ser Alá"  a palavra Deus aparece repetida e não faz grande sentido, uma vez que esta shahada é sobretudo uma invocação moneteísta...

O Meu Poder (II) P

Estou na consciência de todos os ainda não nascidos Sou o sopro vital da alma Tal qual foi sonhada No acto gerador No amor procriador Sou o grito universal de vida humana e de outras espécies Sou o mensageiro divino

Não Gosto (XVIII) P

Odeio profundamente a palavra FALECER. É uma palavra absolutamente grotesca, que não faz sentido nenhum. Diz-se MORRER! Percebam isso, pessoas do mundo. Não há forma de contornar quão definitivo, enigmático e doloroso (para quem fica) é partir para outro mundo. Abandonar o corpo é morrer. Falecer é uma palavra muito leve para isso... Outro dia vi um animal qualquer num programa de comentário político dizer que um cão tinha falecido. O Mundo acabou?!

Dez Mandamentos para um Mundo Moderno P

1º Não terás outra divindade a não ser o capital. 2º Louvarás o trabalho acima de todas as coisas e não deixarás que a família, a amizade ou o amor assumam mais importância que as tuas obrigações perante a sociedade. 3º Assumirás horários que cumprirás maquinalmente. 4º Amarás as pessoas não pelo que elas são nem pelo que elas valem, mas sim pelos meios que movimentam e pelos apoios que conseguem juntar. 5º Comparar-te-ás sempre a alguém e, acima de tudo, iniciarás uma tremenda competição com aqueles que contigo trabalham. Terás de ser o melhor, pois só superiorizando-te, nem que seja à custa de factores extra-laborais, poderás subir na carreira para comprar mais coisas para ti e para os teus, para ascenderem socialmente. 6º Revelarás tudo o que fazes e todos os teus actos bondosos devem ser do conhecimento do maior número de pessoas possível. Recorda-te: uma coisa que fizeste pode ser extraordinária, mas se só tu sabes que a fizeste, então nem sequer aconteceu. 7º Casar-te

O Meu Poder (I) P

Quando acordo e me recordo que tenho cem mil anos, que procriei com a Lucy e que 90 por cento da população humana actual é minha descendente directa, sinto-me melancólico e realizado. Vejo as multidões passarem pela minha janela, prestando-me um olhar de reverência. A minha luz seduz até o que está na cruz e eu deixo-O caminhar comigo, mas ele sabe que também é meu súbdito, que me deve vassalagem. Nas principais avenidas, o meu olhar angélico continuará a trazer a felicidade à humanidade, e assim continuarei o Eterno, o Pai dos Povos - Aquele que teve todas as Crenças e agora é Deus..

Não Gosto (XXVII)

Mais que um ódio repulsivo, nutro um profundo pavor às pessoas que se vestem da mesma forma. Tenho um sonho recorrente com uma multidão vestida de negro a aproximar-se de mim e a linchar-me sem dó nem piedade. Os vultos aproximam-se e eu faço uma generalização das caras e, como estão todos vestidos iguais, no sonho parece-me que todos têm a mesma cara; é impossível destrinçar a individualidade no conjunto. Não é só por causa deste sonho que tenho medo desta escumalha. O que pode passar na cabeça de alguém para se decidir com as mesmas peças de roupa que os outros vestem? É aberrante. As fardas dos colegiais que se passeiam por escolas privadas, ouvindo professores idiotas debitando a matéria que lhes foi enfiada no cérebro por um funil de metal, que lhes furou a capacidade de interpretar o mundo que os rodeia, são das vestimentas mais monstruosas que existem e contribuem para que os garotos fiquem todos iguais como filhos de uma máquina de poder e, em Portugal, passado algum tempo che

Comiseração (IV) P

Hoje fui passear até ao parque e estava a deambular por lá quando uma mulher com um insinuante vestido negro bem colado às curvas do corpo captou a minha atenção. Estava acompanhada pelo seu cão, um pequeno fox terrier.  Pareceu-me ouvi-la dizer "anda!", pouco depois do seu olhar se cruzar com o meu pela primeira vez. Era um convite e eu não pude evitar que me aflorasse por baixo do bigode um sorriso de esperança marota, um sorriso de antecipação de amor. Mordi os lábios e comecei a andar atrás dela. A certa altura ela parou e eu tive de ultrapassá-la para o nosso jogo não dar muito nas vistas, mas depois eu fingi interesse numa coisa que andava por ali ao vento de um lado para o outro, uma embalagem de chocolate, ou outro lixo qualquer, para que, enquanto me ocupava a deitá-lo fora, ela me voltasse a ultrapassar. Ela voltou a convidar-me com um "vamos!", e eu segui hipnotizado pela sua traseira. Estávamos a chegar a sua casa. Íamos entrar e viver gloriosos momentos

Comiseração (III)

Todos os Cruzados que falham a vida, meus irmãos em agonia, cruzam descalços um caminho de trevas e silêncio até ao Sol escaldante, atraídos pelo calor que dele emana, fogem ao frio das reacções da Terra. Por vezes saltam para piscinas de lava e o calor da Terra dá-lhes um lento abraço final. Na Terra, todos os seus lamentos foram ignorados. Na Terra foram rejeitados, por isso acharam que indo um pouco antes para a terra que o seu tempo determinado encontrariam a paz. Mas a morte não é o fim. A morte é a agonia perpétua, num silêncio mórbido, numa escuridão eterna, num corpo que sentimos e que não controlamos. Assim que passamos para o outro reino deixamos de nos mover, assim que nos fecham os olhos deixamos de ver, assim que se fecha o caixão deixamos de ouvir, assim que nos depositam a casa eterna na terra húmida e lançam a primeira terra por cima da nossa fortaleza sentimo-nos sós. É assim No Outro Reino O da Morte Acordamos sós No momento em que  nós Como os nossos avós Ent

Comiseração (II)

Sobe-me até à garganta a alma pressionando para sair em forma de grito doloroso. Não sinto nada no ventre a não ser um vago desconforto e as minhas costas estão tão curvadas nesta eterna corcunda de derrotado, que as costelas me rasgam os pulmões. Quando respiro sai da minha boca o som de um apito que me dificulta o adormecer. Acontece esse som sair entrecortado numa expiração-lamento, provocando pela presença da alma-angústia na garganta.  Deito-me com ele e acordo com esse ruído. Sei que ele importuna os meus sonhos porque às vezes as pessoas vêm todas ter comigo e ficam a olhar-me com curiosidade. Às vezes fazem uma roda à minha volta e eu fico preso e parado a senti-los verem-me, mas sem ver nenhum deles. Gostava de poder controlar melhor os meus sonhos, olhar para todos os cantos obscuros da minha imaginação, mas não posso fazer o que quero, é como se eles estivessem predeterminados. Só uma vez consegui controlar o que fazia no sonho. Foi um dos grandes momentos da minha vida. Eu

Comiseração (I)

Quando não está a atacar sanguinariamente, está a aguardar, a dar tempo à presa de respirar ou de esquecer os erros passados. De novo, amanhã, ou depois, num futuro sempre próximo, um novo contacto causa uma nova depressão causada nele próprio e na vítima perseguida, mas nunca encontrada. Sairá de sua casa mais vezes com o mesmo intuito de encontrar no guia escolhido a salvação, mas este, sempre altivo, fugirá. Calcorreará os sete mundos e as dimensões em busca das suas palavras espalhadas e encontrará sempre o mesmo vazio e ainda algum nada, que guardará na mochila e transportará aos ombros como único fardo através do sem-sentido quotidiano que as suas vivências passadas proporcionaram...escolherá a morte no momento certo. Nadir Veld Nota de Zenit Saphyr: Como é que eu deixo este merdoso viver dentro de mim? Nasceu não o posso deixar morrer, mas contemplá-lo causa-me sempre um asco inacreditável. Não se cala com as suas perturbações medíocres e está sempre a lamentar-se, por is

Por Terras Catalãs (Dia 1) (II)

Finalmente consegui! Arranjei boleia às dez horas da manhã, quando a minha reputação na estação de serviço ia aumentando, e eu estava mais disposto a parecer bem a uma empregada venezuelana muito simpática que por lá se apresentava do que a importar-me em sair dali (porque se está preso num pardieiro quando se está em bombas de gasolina), porque estava a viver mesmo o ritmo da vida, o que só me acontece quando estou muitas horas sem dormir, porque se o fizer depois tenho de recomeçar tudo de novo. Estava alerta e seguro de chegar à hora que eu quisesse a Lleida. Eu tenho a teoria que quando se parte confiante para a estrada com o polegar apontado para o céu convidando o desconhecido a entrar na nossa vida, quando se tem muita segurança do que se está a fazer, quase ninguém recusa dar boleia. Só temos de jogar o jogo certo. comecei este texto com "finalmente consegui" e nem expliquei que o que se passou foi que hoje me chamei Oriol. Nessa boleia das dez da manhã, um casal de

Sonho dedicado a... P

Todos os lugares são um poema Todos os sonhos um sistema De dados pensados guardados Correndo como um filme quando Baixa a escuridão do extremo deserto De comunicação e vemos o passado E vemos o futuro, quando o presente Está desligado de todas as suas conexões Com o vasto império do livre-arbítrio Assim, por horas espectadores da nossa noite Espreitando com a alma as explosões do corpo E a electricidade cerebral dos homens que se tornaram estrelas Estoira no céu como perpétuo fogo de artifício Um jogo de loucura transmitido pelo além E TODOS ESSES ACTOS NÃO TÊM A RESPOSTA E nesses sonhos há enviados de dinossáurios de biblioteca e enviados de gente boa. Há que saber escolher...

Por Terras Catalãs (Dia 1)

Tomei a decisão de partir de um momento para o outro, por ter visto esta oportunidade de escapar. Estava num bar e apareceu um português e tivemos a conversar e a beber uns copos. Ele vai para Portugal de férias do trabalho em França (já nem me lembro do que faz) e por esta hora arranca estrada fora para uma longa viagem, deixando-me numa estação de serviço pouco movimentada. Ele já estava meio tocado pelo álcool, por isso vim eu a guiar, rasgando o alcatrão com a atenção focada na vida e com o olhar perdido naquela zona indefenível entre a obsessão e a melancolia.Fico sempre triste quando me vou embora, temporariamente cativo no meu pensamento das coisas que podia ter feito, mas que nunca farei.  Só passei por casa para pegar na mochila e atafulhar lá para dentro os papéis e algumas peças de roupa.  Por volta das seis e meia da manhã ele deixou-me numa estação de serviço antes de Lleida, cidade que pretendo visitar. Agora são sete e um quarto. Olho para esta mochila avolumada sobretud

Por Terras catalãs - O Início da Viagem

Entre o querer ter o ter, cai na sombra o ser. Entre o querer e o fazer há muito para correr. Eu gosto de roubar o tempo Sou o dobro da idade que costumava ter E metade do homem que sonhei Este é zenitiano mais triste, pois estou amargurado na minha rotina e vou matá-la amanhã....parto para África, porque quero ser o triplo de um homem que nunca fui...Vou sair agora de Andorra-la-vella, tenho uma boleia às quatro que me deixará algures na Catalunya. E continuarei descendo pela meia lua da linha da vida, aqui e ali, buscando vida e glória. Como conto escrever o que se passa tentarei fazer um diário, ou algo do género....eu sei que vai surgir muita demência só porque a atraio e essa electricidade manté-me ligado.

Gosto (XXII)

Gosto de coprografomaníacos, ainda que eu não o seja, graças aos céus.  Como já referi noutros escritos a palavra coprografomaníaco foi inventada por mim para colmatar uma lacuna da língua portuguesa. Há uns anos tive um amigo, em França, que tinha o hábito maníaco, a obsessão até, de tirar fotos às suas fezes acabadas de expelir. Tinha na sua casa uma sanita muito particular, com o fundo mais largo que o habitual, onde as defecações boiavam livremente, permitindo uma fotografia esteticamente mais agradável, uma vez que as sanitas comuns, estreitas, feitas apenas para uma defecação vulgar, sem pensar na boa disposição dos excrementos, são muito estreitas e o cocó fica ali todo apertado, esmagando-se a si próprio como se fosse uma porcaria vulgar. Eu, às vezes, vou à casa de banho e fico chateado por não poder contemplar devidamente a minha obra e puxo o autoclismo resignado à vulgaridade com que são tratadas as excreções. Esse meu amigo, o Pierre, para além de tirar uma fotografia, que

Gosto (XXI)

Gosto estar a ler, virar a página   e a frase ficar a meio, continuando apenas na seguinte . É como deixar a mensagem que me está a ser transmitida em suspenso, gosto sobretudo de adivinhar como acabam essas frases deixadas incompletas e sou muito bom nisso. É um bom exercício para quem quer entrar na mente do escritor ou do narrador. Às vezes costumo fechar o livro com os dedos a marcar a página e mergulho numa reflexão sobre como continuará a específica frase.   

Portugal (I)

As horas escapam E os dias passam em vão Semanas planeadas lá longe estão Agora o mês não vale um tostão E o ano morre sem coração Que bombeie vida a esta nação

As Mais Míticas Frases de Zenit Saphyr

"A Celestialidade das frases e dos argumentos é composta por uma orquestrada conjugação das palavras." "Jesus Cristo arrancou os olhos aos pobres e deu-os de comer aos ricos" "Dói-te na alma o coração, meu irmão, quando fizeste alguma coisa sem perdão" "A Vida tem mil vidas e tudo muda como um fósforo ardendo" "Se somos fogo porque bebemos vodka e não água?" "Eu sou a minha memória" - (Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião - 33ªParte) "Há cegos com olhos para tudo" "A Política não tem metade do interesse que lhe dão, mas tem o dobro da importância do que vale um país."  "A liberdade é o principal requisito da loucura!" "Um sabonete não se suja. Auto-lava-se. "É preciso uma chama muito forte para derreter um coração de gelo" "O Voto útil é inútil" "Um adulto é uma criança corrompida pelo tempo." "Ganhas o cansaço da intel

As outras pessoas

Eu sei que os poemas doutros senhores Podiam parecer mais pequenos Mas melhores

Não Gosto (XXVI)

NÃO GOSTO DE OPINIÕES. SÃO ABJECTAS, PASSO A EXPLICAR PORQUÊ. PREÂMBULO O Mundo escapou do alcance e falhou as metas prometidas, um rio interminável de erros corre as capitais, onde a loucura impera e todos os arranha-céus são bordeis governados por patifários carregando armas automáticas, impondo leys e agora formamos opiniões enquanto adiamos o inevitável naufrágio. ACTUALIDADE: José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, preso nº44 26 do Novembro da 2014 Hoje estou satisfeito por não ter opinião. Feliz. Ouvem-se milhares de de detractores e admiradores diariamente, jogando uns com os outros umas jogadas humanas, demasiado humanas para mim. Quando me perguntam qual é a minha opinião sobre o que quer que seja, eu costumo responder que não tenho opinião. "Não Gosto de ter, muito menos de formar opiniões. Eu gosto de ver as coisas". Neste momento introduzo um gesto muito peculiar com as mãos de libertação-sacudidela em relação ao mundo. "Não preciso disso para nada.

Abril 74 (Lluis Llach)

Companys, si sabeu on dorm la lluna blanca digueu-li que la vull però no puc anar a estimar-la. Que encara hi ha combat. Companys, si coneixeu el cant de la sirena allà en mig de la mar jo l´aniria a veure. Però encara hi ha combat. I si un trist atzar m´atura i caic en terra porteu tots els meus cants i un ram de flors vermelles a qui tant he estimat. Companys, si busqueu les primaveres lliures amb vosaltres vull anar que per poguer-les viure jo me n´he fet soldat. I si un trist atzar m´atura i caic en terra porteu tots els meus cants i un ram de flors vermelles a qui tant he estimat. Quan guanyem el combat. Companheiros, se sabeis onde repousa a lua branca Dizei-lhe que a quero Mas não posso ir adorá-la Que ainda há combate Companheiros, se conheceis o canto da sereia Lá, a meio do mar, Eu desejaria vê-la, mas ainda há combate E se um triste azar m e atinge e caio em terra Levai todos os meus cantos E um ramo de flores vermelhas A quem tanto estimei Companheiros, se

Raios Alvos Bramem a Noite Tenebrosa

Raios Alvos Bramem a Noite Tenebrosa Clarões Multicolores jogam sombras disformes No Céu Grotesco e o Vento deixou um novo Veneno Na Brisa que paira sob a Lua Vermelha Privada da Água Que Esclarece o pensamento E DÁ LIBERDADE Chuva, chuva, chuva E a Nudez da Tempestade acalmará os temores Raios Alvos Bramem a noite Tenebrosa O Céu ruge cânticos da Mãe Natureza A Visão Sagrada das Árvores e nas Montanhas De Pedras Rolantes Falantes

Entrevista a Alvos Millar

No dia 12 de Novembro de 2014 foi chamado a depor Alvos Millar, na vigésima segunda Gala anual do Grande Exército Universal de Luta pela Liberdade. Para o interrogar tive que ordenar a emissão de mandatos que possibilitassem a obrigatoriedade da sua presença perante este tribunal da Humanidade. Assim, sem alternativa, Alvos Millar, a estrela da morte, vai poder explicar a sua atitude de constante morticínio em relação às mais variadas espécies, sem mais rodeios e fugas, ele explicará porque é que a sua força definitiva rege o mundo em vez de estar adormecida e de vez em quando ser chamada. Alvos Millar não foi visto a chegar de carro, ele simplesmente apareceu, ainda que ninguém o tenha visto assomar do vazio. Um sítio estava sob controlo, alguém tirou o olhar dele durante meio segundo e ele apareceu de lá, como se sempre lá estivesse estado, andando como se tivesse cruzado todo o corredor com passo uniforme. Alto e todo vestido de branco, com um aspecto angelical a soltar-se da vast

Gosto (XX) P

Gosto de não escrever tanto como a minha capacidade criativa permitiria. Tenho sempre muito mais ideias para histórias do que histórias propriamente escritas. Sou, digo-o sem medo, um não escritor, pelo menos fui-o até esta altura da minha vida. Não ser escritor é muito diferente, na minha opinião, do que ser um não escritor. Quando projecto um conto para uma história que eu queira contar, o resultado final vai ficar, inevitavelmente, aquém das expectativas, aquém daquilo que eu tinha imaginado e os leitores acabam sempre por ficar com uma história diferente daquela que eu gostava de contar, com mensagens e ideias erradas, porque juntar as palavras certas para contar o que queremos da maneira que desejamos é preciso uma mestria que eu só poderei ter . "Ainda não chegou a altura certa para contar esta história, tenho de amadurecer, crescer mais um pouco", às vezes dou por mim a pensar coisas desse género. Outras vezes, recrimino-me por ser incapaz de escrever na terceira pes

Não Gosto (XXV)

Não gosto nada de sinais de trânsito luminosos, principalmente os referentes aos peões . Os sinais vermelhos são uma grande tanga. Não lhes ligo nenhuma, acho que são apenas um aviso para aqueles que vão atravessar uma estrada, nunca uma imposição. Eu odeio que me digam o que eu devo fazer e detesto acima de tudo as pessoas que acham que me podem dizer o que eu devo fazer, nunca na puta da minha vida vou obedecer a uma luzinha colorida a 15 metros de mim, com um bonequinho mal desenhado pretendendo significar um homem. Uma vez vi umas pessoas paradas num sinal vermelho quando claramente não havia nenhum carro a passar nos próximos 40 segundos e a estrada podia ser facilmente cruzada em 10 segundos. Essa gente estava parada, na noite silenciosa, sob uma lua esplendorosa, completamente focada, vidrada e comandada pela luzinha vermelha, olhando-a atentamente, esperando ansiosamente que mudasse, sem virarem a cabeça para a estrada imensa que estava vazia de carros que os pudessem atropela

O Murmúrio Solitário da Morte

O Murmúrio Solitário da Morte I Por Mim Se Vai à eterna Morada Por Mim Se Vai a um Reino de Perpétuo Nada Por Mim Se Vai ao Reino Incógnito da Morte Destino derradeiro até do mais forte Aceitai a lei da Terra, vós que nasceis Eu sou o fim de tudo o que conheceis Eu sou o fim de tudo o que conheceis O guia da alma solta dos corpos que morreis II Sempre ocupado enquanto houver vida Eu sou a estrela da morte De todos vós a final sorte Sou múltiplo e desordenado Actuo em todos os lugares imagináveis Ao mesmo tempo Em todo o momento O corpo falha A mente foge A alma solta-se E é entregue, talvez em fumo, depois da viagem Perplexa, pairando numa outra Margem No Reino de Trevas da Morte III A assustadora inoperância daqueles que deixo Inanimados por dentro Gela a espinha dos que observam fins No Reino em Luto dos Vivos, Um mistério em corpo desamparado, agora sem força interior Caído como um fantoche abandonado pela etern

Não gosto (XXIV)

Não gosto da atitude de desprezo que certas pessoas têm sobre futebol, por motivos absurdos.  Compreendo que as pessoas não gostem do desporto, que ele não lhes cause emoção, que não o percebam, mas não tolero quando dizem que "são só onze homens atrás de uma bola". Dizer isso é o mesmo que dizer que um livro é apenas um acumulado de papel com tinta e que uma guitarra é um pedaço de madeira esburacado com umas cordas. Outros argumentos apresentados, como, os jogadores ganham demais, ou que é o ópio do povo, pois capta a sua atenção para coisas menores, quando ela deviam estar alerta para os grandes problemas, também são argumentos tolos. O primeiro é tolo porque o futebol gera o dinheiro que move, por isso não venham com merdas, que o dinheiros de outras coisas não é torrado no futebol. O segundo até o compreendo, mas se não fosse o futebol (que é um desporto colectivo magnífico, diria até perfeito, melhor que todos os outros pela importância crucial do golo - nenhum jogo nor

Catalunya Vol Viure en Llibertat?

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-A lei prevalecerá. -O que é a lei? -A constituição. - O que é a constituição? - É o cumprimento da constituição. Não se pode dividir Espanha! Estas são as respostas de uma legisladora do PP, a propósito da independência da Catalunha. Começa a disparatar quando lhe perguntam o que é a lei. Se a lei só serve para se fazer cumprir a si própria, então ela tem de ser mudada. A meu ver a lei tem de estar ao serviço dos desejos das pessoas e não contra os desejos delas. Mesmo que seja uma minoria da população de Espanha que quer o referendo (a Catalunha não tem metade da população espanhola), há uma maioria dentro da Catalunha que quer ver referendada a possível independência, por isso deve vê-la referendada. Uma vez que o Referendo foi proibido pelo Constitucional, Artur Mas decidiu manter a consulta a realizar dia 9 de Novembro de 2014, mas agora, o Governo liderado pelo escandaloso Rajoy quer impedir até essa consulta. Isto é um ultraje! Políticos deste calibre merecem apenas ser fu

Ida ao Psicólogo

N.V. - Eu senti a minha cabeça falhar demasiadas vezes para alguma vez poder pensar que há uma saída... B. - Como é que a sentiste falhar? Porquê? N.V. - Penso descontroladamente numa coisa, uma ideia fixa que eu já não quero ter, mas que acaba sempre por voltar, invariavelmente. Foi-me dito para esquecer, para ultrapassar, para resistir à dor, mas isso não me foi possível...a ideia regressa, e até em sonhos a vejo representada, encenada por artistas dementes que me controlam as profundezas do cérebro. Fui vencido por eles, eles controlam a minha vida e os meus ideais, porque os sonhos são uma coisa incontrolável, um lugar onde a nossa alma se exprime, onde pensamos naquelas coisas intensas, onde estamos verdadeiramente com nós mesmos e com as nossas ideias e os nossos desejos. Os problemas mal resolvidos são passaportes seguros para uma tristeza que está sempre a chegar. A vida é linda, o amor é breve e a tristeza é imensa, principalmente por eu estar sempre a recordar o irresolúvel

Gosto (XIX)

Gosto muito da palavra ainda. É a palavra mais curta e precisa para a esperança. " Ainda não sei, mas vou tomar uma decisão (tudo em aberto para qualquer que que seja o caminho), ainda vais perceber (quando se deseja fazer ver alguma coisa a alguém, mas isso ainda não é possível), ainda nos vamos encontrar (num futuro próximo, quem sabe, e resolveremos todos os nossos problemas), ainda dançaremos felizes sob um céu estrelado, ainda há tempo..."Mesmo em termos sonoros é uma palavra muito bonita, principalmente quando quem a diz carrega no i, dizendo aiiinda; muito mais bonita que a versão espanhol aún.

Enlouqueci (I)

Alguém chapinhava no lago que se formou feito de suor sob o queixo daquele homem. Ele mexia-se e coçava impiedosamente com as longas unhas até se formarem aqueles riscos vermelhos que desaparecem passado pouco tempo, mas aqueles, continuamente esfregados, formaram rios de sangue que se foram tornando mais grossos à medida que ele passava e repassava a unha agora carmim para encontrar as entidades que chapinhavam por ali. Elas montaram um barco e vogaram rio abaixo pelo corpo até encontrarem um mar em que desaguasse aquele sangue, que, uma vez que já era salgado, se tornou o sólido alimento da loucura.

O que querem alguns olhos

uma nova foto não ampliável neste mar de imagens é a única notável o sonho do corpo móvel nutre a beleza daquele estável E os olhos que não se olham são almas sem se ver Nadir Veld

Não Gosto (XXIII)

Não gosto da palavra "engatar", nem daquilo a que ela se refere. A sedução é uma arte, ser capaz de cativar outra pessoa para a fazer ver o nosso encanto, é algo muito difícil, mas essencial para conseguirmos arrastar alguém para viver connosco as mais importantes emoções. ARRASTAR. A palavra francesa, draguer  significa o mesmo, mas é bem mais bonita, até porque se refere a arrastar alguém...soa muito melhor que engatar, que me parece uma palavra impositiva e até machista, ainda que as gajas também engatem homens...Engatar parece que é forçar alguém a fazer uma coisa que nunca quereria e no amor isso não pode ser assim, tem de haver reciprocidade inicial de ambos, acho eu, mas também não percebo muito deste tema...Engatar também é uma palavra que parece referir-se a peças mecânicas desmontáveis que compõem sistemas de pregos em mola que vão batendo uns nos outros para conseguirem um objectivo que é, no fundo, essa grande merda mecânica.

Toda a rosa tem espinhos, mas há muitos espinhos sem rosa

Sozinhos inventamos a prosa mais vistosa Porque preferimos como companhia amistosa Aquela que na multidão se destaca graciosa Todos corremos atrás duma mulher misteriosa Que nos deixa palpitante a alma em polvorosa Quando sob o céu se nos jura amorosa Sussurra mentiras e triunfa sempre, gloriosa. As promessas desvanecem numa nebulosa Teia de enganos, em que, presos, a vemos vitoriosa Enquanto parte fingindo-se furiosa Esta é a mensagem poderosa, a verdade desastrosa Toda a rosa tem espinhos, mas há muitos espinhos sem rosa Nadir Veld, dedicado ao Arthur.