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A mostrar mensagens de dezembro, 2014

Gosto (XXIII)

Gosto de entrar em casa de outras pessoas, especialmente aquelas em que nunca entrei. As casas são o mundo que as pessoas constroem para o seu mais alto conforto, por isso, conhecer as casas ajuda a que conheçamos melhor as pessoas e, consequentemente, a que compreendamos melhor a vida. Prefiro casas misteriosas, sem grande decoração e não gosto nada de decorações burguesas.

Comiseração (VIII)

Quando subo a rua tentando todas as oportunidades para lograr alguma da felicidade prometida, apercebo-me quão inúteis são os meus esforços debaixo do sol. Em todos os rostos tranquilos vejo a vontade que me foi vedada e a verdade sempre ocultada. Porque não sou o Outro? Aquele ali que está de pé por baixo da sala e vê-se até a sua mão feliz comandada por olhos sorriso, ou o Empregado de Mesa a dançar servindo os outros, ou simplesmente um animal sem este passado que carrego no fardo. É um salto para o abstracto procurar perguntas sem palavras. Nadir Veld

Comiseração (VIII)

Oh Deus! Nunca consigo manter a corrente. Inunda sempre para fora das margens e eu vejo-me arrastado violentamente para longe de mim. Para longe dos pensamentos que estava a ter. Por vezes perco-me quando já estou perdido. Fico duplamente desfocado, triplamente às escuras. Oh Deus! Para quando o fim? Nadir Veld

A Entrevista CENSURADO?

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Os Dinossáurios de Biblioteca, arquitectos de maldades, mestres principais na complexa governação dos Sistemas de Controlo, voltaram a fazer das suas. A estreia do filme com Seth Rogan e James Franco foi adiada e houve uma polémica parva no mundo à volta desse facto, com o presidente dos EUA a aparecer a dizer que a Sony tinha feito mal em ter adiado a estreia por causa de ameaças terroristas. "Os EUA não cedem". todo o mundo a falar de um filme que, a julgar pelos trailers,  parece ser uma merda sem valor... Se a Coreia do Norte, ou até mesmo os jhiadistas  do Estado Islâmico, fizessem um filme com massacres e assassinatos de americanos aleatórios e até do Obama, os EUA também não iam gostar que esse filme fosse livremente exibido pelas salas de cinema do mundo...Se o Estado Islâmico fizesse um filme a promover-se, essa obra ia ser odiada e perseguida, mas os americanos já podem dizer ao mundo de que países e de que regimes as pessoas devem gostar...Enfim...capitalismo?

Não Gosto (XXVIII) - Joana de Vasconcelos

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Detesto a pseudo-artista Joana Vasconcelos. Tudo o que ela faz é merda em estado puro. Não é daquela merda, que tem extractos de merda, NÃO! SÃO FEZES IGNÓBEIS DEFECADAS POR UMA POBRE MENTE. Eu já odeio esta mulher há muito tempo, mas a gota de água foi a sua última obra, despejada sem qualquer sentido no meu país de origem, o Brasil, mais concretamente no Rio de Janeiro. Um galo de Barcelos em ponto gigante, sem qualquer beleza, sem qualquer originalidade. Esta vaca gorda acha que por fazer coisas em ponto grande, elas passam a ser artísticas e bonitas, mas infelizmente para a Joana não é assim que funciona...A minha pergunta é: quem compra esta treta e porquê? Espanta-me que ainda se dê crédito a alguém que já demonstrou ter tão pouco talento, tão pouco para dizer, tão pouco para inovar. Espanta-me que uma das artistas mais conhecidas de Portugal possa ser tão má. É possível que seja uma das imposições da troika  e dos países poderosos do mundo que querem estragar a imagem de Po

Comiseração (VII)

Ela falou-me de um seu amigo albanês que matava pessoas por 5000 euros sem porquês, mas quando a história lhe era explicada e ele até concordava que a vítima merecia a morte por causa dos seus actos, o preço podia baixar cerca de 1000 euros. Certa vez, fez desaparecer um marido agressor, cuja mulher apresentava nódoas negras em todo o corpo, por apenas 2000 euros. Disse-me que ele trabalhava muito bem. Era o melhor. Ainda não tinha sido declarado o óbito de nenhuma das suas vítimas. Costumavam aparecer na televisão familiares choramingantes dizendo que os seus entes queridos tinham desaparecido sem deixar rasto, que alguma coisa de mal lhes tinha acontecido, que suspeitavam da morte, mas nunca a podiam confirmar, viviam na dúvida. Começavam-se grandes buscas que redundavam sempre em nada. Era um autêntico desvanecimento para o vazio, como se houvesse um buraco no mundo que apenas ele conhecia e onde ia despejando as suas vítimas. Ela repetiu-me várias vezes que eu devia ter cuidado. Qu

Comiseração (VI)

O Anjo Negro surgiu e fechou-me todas as estradas possíveis. Olhei para todos os caminhos, para tudo o que podia fazer e entendi definitivamente que não havia nada de relevante que eu pudesse oferecer em nenhuma das minhas especializações; ia ser sempre o convidado desconhecido nas festas cerimoniais em que se reuniam os artífices, os especialistas, que olhariam sempre com sobranceria para o que quer que eu fizesse. Este Anjo Negro ajudou a que se espalhasse a sombra sobre todos os planos. Ele não apareceu inesperadamente. Algumas pessoas que me conheciam devem ter-lhe falado de mim. Ele apresentou-se e eu fui-me habituando a ele. Achei que podia viver com ele e que até me podia dar força, mas cedo se superiorizou a mim. A partida dela fez com que se destroçassem todos os pilares. Ruiu a estrutura da minha vida. Quando dei por mim, o Anjo Negro estava instalado na minha vida e não havia forma nenhuma de correr com ele de volta para o buraco infernal de onde surgiu. Nadir Veld

Comiseração (V)

Fiquei a dormir e deixei tudo escapar. Quando acordei não pude levantar-me, tinha de descansar um pouco mais, voltei a dormir e fiquei num torpor em que ainda estou. Decidi abandonar definitivamente todos aqueles projectos com que em tempos vivi, que fui desenvolvendo na minha cabeça, com que sonhei longamente, dos quais falei com muitas pessoas, que apresentei a familiares que me brindaram com sorrisos, palavras de encorajamento e olhares de carregada esperança para mim. Ficava-me bem ter projectos, mostrava que eu era um pedaço de homem lutador e desejoso de conquistar o mundo. E houve mesmo uma época em que eu pensei que ia ter o mundo a meus pés. Tinha confiança e sentia-me capaz de pairar acima de todos os outros, de me diferenciar esplendidamente pela positiva, de ser único e desejado, de toda a gente estar a pensar em mim mesmo quando eu estava longe, mas tudo isso acabou. Agora fui derrotado pelo mundo. Tenho medo do ar livre e prefiro estar o máximo de tempo fechado sozinho no

Traduções erradas (Islão)

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لَا إِلٰهَ إِلَّا الله مُحَمَّدٌ رَسُولُ الله "Ah-li-la-lahli-lah-wah Allahu Akbar Mahometan Rasullah illah" A tradução que costumam dar para isto é falsa.... Não é "Não há Deus a não ser Alá", porque Alá é Deus. Melhor tradução: "Não há Divindade a não ser Deus e Maomé é o seu profeta" ou "Não há Deus a não ser Um cujo profeta é Maomé".... Na primeira hipótese "Não há Deus a não ser Alá"  a palavra Deus aparece repetida e não faz grande sentido, uma vez que esta shahada é sobretudo uma invocação moneteísta...

O Meu Poder (II) P

Estou na consciência de todos os ainda não nascidos Sou o sopro vital da alma Tal qual foi sonhada No acto gerador No amor procriador Sou o grito universal de vida humana e de outras espécies Sou o mensageiro divino

Não Gosto (XVIII) P

Odeio profundamente a palavra FALECER. É uma palavra absolutamente grotesca, que não faz sentido nenhum. Diz-se MORRER! Percebam isso, pessoas do mundo. Não há forma de contornar quão definitivo, enigmático e doloroso (para quem fica) é partir para outro mundo. Abandonar o corpo é morrer. Falecer é uma palavra muito leve para isso... Outro dia vi um animal qualquer num programa de comentário político dizer que um cão tinha falecido. O Mundo acabou?!

Dez Mandamentos para um Mundo Moderno P

1º Não terás outra divindade a não ser o capital. 2º Louvarás o trabalho acima de todas as coisas e não deixarás que a família, a amizade ou o amor assumam mais importância que as tuas obrigações perante a sociedade. 3º Assumirás horários que cumprirás maquinalmente. 4º Amarás as pessoas não pelo que elas são nem pelo que elas valem, mas sim pelos meios que movimentam e pelos apoios que conseguem juntar. 5º Comparar-te-ás sempre a alguém e, acima de tudo, iniciarás uma tremenda competição com aqueles que contigo trabalham. Terás de ser o melhor, pois só superiorizando-te, nem que seja à custa de factores extra-laborais, poderás subir na carreira para comprar mais coisas para ti e para os teus, para ascenderem socialmente. 6º Revelarás tudo o que fazes e todos os teus actos bondosos devem ser do conhecimento do maior número de pessoas possível. Recorda-te: uma coisa que fizeste pode ser extraordinária, mas se só tu sabes que a fizeste, então nem sequer aconteceu. 7º Casar-te

O Meu Poder (I) P

Quando acordo e me recordo que tenho cem mil anos, que procriei com a Lucy e que 90 por cento da população humana actual é minha descendente directa, sinto-me melancólico e realizado. Vejo as multidões passarem pela minha janela, prestando-me um olhar de reverência. A minha luz seduz até o que está na cruz e eu deixo-O caminhar comigo, mas ele sabe que também é meu súbdito, que me deve vassalagem. Nas principais avenidas, o meu olhar angélico continuará a trazer a felicidade à humanidade, e assim continuarei o Eterno, o Pai dos Povos - Aquele que teve todas as Crenças e agora é Deus..

Não Gosto (XXVII)

Mais que um ódio repulsivo, nutro um profundo pavor às pessoas que se vestem da mesma forma. Tenho um sonho recorrente com uma multidão vestida de negro a aproximar-se de mim e a linchar-me sem dó nem piedade. Os vultos aproximam-se e eu faço uma generalização das caras e, como estão todos vestidos iguais, no sonho parece-me que todos têm a mesma cara; é impossível destrinçar a individualidade no conjunto. Não é só por causa deste sonho que tenho medo desta escumalha. O que pode passar na cabeça de alguém para se decidir com as mesmas peças de roupa que os outros vestem? É aberrante. As fardas dos colegiais que se passeiam por escolas privadas, ouvindo professores idiotas debitando a matéria que lhes foi enfiada no cérebro por um funil de metal, que lhes furou a capacidade de interpretar o mundo que os rodeia, são das vestimentas mais monstruosas que existem e contribuem para que os garotos fiquem todos iguais como filhos de uma máquina de poder e, em Portugal, passado algum tempo che

Comiseração (IV) P

Hoje fui passear até ao parque e estava a deambular por lá quando uma mulher com um insinuante vestido negro bem colado às curvas do corpo captou a minha atenção. Estava acompanhada pelo seu cão, um pequeno fox terrier.  Pareceu-me ouvi-la dizer "anda!", pouco depois do seu olhar se cruzar com o meu pela primeira vez. Era um convite e eu não pude evitar que me aflorasse por baixo do bigode um sorriso de esperança marota, um sorriso de antecipação de amor. Mordi os lábios e comecei a andar atrás dela. A certa altura ela parou e eu tive de ultrapassá-la para o nosso jogo não dar muito nas vistas, mas depois eu fingi interesse numa coisa que andava por ali ao vento de um lado para o outro, uma embalagem de chocolate, ou outro lixo qualquer, para que, enquanto me ocupava a deitá-lo fora, ela me voltasse a ultrapassar. Ela voltou a convidar-me com um "vamos!", e eu segui hipnotizado pela sua traseira. Estávamos a chegar a sua casa. Íamos entrar e viver gloriosos momentos

Comiseração (III)

Todos os Cruzados que falham a vida, meus irmãos em agonia, cruzam descalços um caminho de trevas e silêncio até ao Sol escaldante, atraídos pelo calor que dele emana, fogem ao frio das reacções da Terra. Por vezes saltam para piscinas de lava e o calor da Terra dá-lhes um lento abraço final. Na Terra, todos os seus lamentos foram ignorados. Na Terra foram rejeitados, por isso acharam que indo um pouco antes para a terra que o seu tempo determinado encontrariam a paz. Mas a morte não é o fim. A morte é a agonia perpétua, num silêncio mórbido, numa escuridão eterna, num corpo que sentimos e que não controlamos. Assim que passamos para o outro reino deixamos de nos mover, assim que nos fecham os olhos deixamos de ver, assim que se fecha o caixão deixamos de ouvir, assim que nos depositam a casa eterna na terra húmida e lançam a primeira terra por cima da nossa fortaleza sentimo-nos sós. É assim No Outro Reino O da Morte Acordamos sós No momento em que  nós Como os nossos avós Ent

Comiseração (II)

Sobe-me até à garganta a alma pressionando para sair em forma de grito doloroso. Não sinto nada no ventre a não ser um vago desconforto e as minhas costas estão tão curvadas nesta eterna corcunda de derrotado, que as costelas me rasgam os pulmões. Quando respiro sai da minha boca o som de um apito que me dificulta o adormecer. Acontece esse som sair entrecortado numa expiração-lamento, provocando pela presença da alma-angústia na garganta.  Deito-me com ele e acordo com esse ruído. Sei que ele importuna os meus sonhos porque às vezes as pessoas vêm todas ter comigo e ficam a olhar-me com curiosidade. Às vezes fazem uma roda à minha volta e eu fico preso e parado a senti-los verem-me, mas sem ver nenhum deles. Gostava de poder controlar melhor os meus sonhos, olhar para todos os cantos obscuros da minha imaginação, mas não posso fazer o que quero, é como se eles estivessem predeterminados. Só uma vez consegui controlar o que fazia no sonho. Foi um dos grandes momentos da minha vida. Eu

Comiseração (I)

Quando não está a atacar sanguinariamente, está a aguardar, a dar tempo à presa de respirar ou de esquecer os erros passados. De novo, amanhã, ou depois, num futuro sempre próximo, um novo contacto causa uma nova depressão causada nele próprio e na vítima perseguida, mas nunca encontrada. Sairá de sua casa mais vezes com o mesmo intuito de encontrar no guia escolhido a salvação, mas este, sempre altivo, fugirá. Calcorreará os sete mundos e as dimensões em busca das suas palavras espalhadas e encontrará sempre o mesmo vazio e ainda algum nada, que guardará na mochila e transportará aos ombros como único fardo através do sem-sentido quotidiano que as suas vivências passadas proporcionaram...escolherá a morte no momento certo. Nadir Veld Nota de Zenit Saphyr: Como é que eu deixo este merdoso viver dentro de mim? Nasceu não o posso deixar morrer, mas contemplá-lo causa-me sempre um asco inacreditável. Não se cala com as suas perturbações medíocres e está sempre a lamentar-se, por is

Por Terras Catalãs (Dia 1) (II)

Finalmente consegui! Arranjei boleia às dez horas da manhã, quando a minha reputação na estação de serviço ia aumentando, e eu estava mais disposto a parecer bem a uma empregada venezuelana muito simpática que por lá se apresentava do que a importar-me em sair dali (porque se está preso num pardieiro quando se está em bombas de gasolina), porque estava a viver mesmo o ritmo da vida, o que só me acontece quando estou muitas horas sem dormir, porque se o fizer depois tenho de recomeçar tudo de novo. Estava alerta e seguro de chegar à hora que eu quisesse a Lleida. Eu tenho a teoria que quando se parte confiante para a estrada com o polegar apontado para o céu convidando o desconhecido a entrar na nossa vida, quando se tem muita segurança do que se está a fazer, quase ninguém recusa dar boleia. Só temos de jogar o jogo certo. comecei este texto com "finalmente consegui" e nem expliquei que o que se passou foi que hoje me chamei Oriol. Nessa boleia das dez da manhã, um casal de

Sonho dedicado a... P

Todos os lugares são um poema Todos os sonhos um sistema De dados pensados guardados Correndo como um filme quando Baixa a escuridão do extremo deserto De comunicação e vemos o passado E vemos o futuro, quando o presente Está desligado de todas as suas conexões Com o vasto império do livre-arbítrio Assim, por horas espectadores da nossa noite Espreitando com a alma as explosões do corpo E a electricidade cerebral dos homens que se tornaram estrelas Estoira no céu como perpétuo fogo de artifício Um jogo de loucura transmitido pelo além E TODOS ESSES ACTOS NÃO TÊM A RESPOSTA E nesses sonhos há enviados de dinossáurios de biblioteca e enviados de gente boa. Há que saber escolher...

Por Terras Catalãs (Dia 1)

Tomei a decisão de partir de um momento para o outro, por ter visto esta oportunidade de escapar. Estava num bar e apareceu um português e tivemos a conversar e a beber uns copos. Ele vai para Portugal de férias do trabalho em França (já nem me lembro do que faz) e por esta hora arranca estrada fora para uma longa viagem, deixando-me numa estação de serviço pouco movimentada. Ele já estava meio tocado pelo álcool, por isso vim eu a guiar, rasgando o alcatrão com a atenção focada na vida e com o olhar perdido naquela zona indefenível entre a obsessão e a melancolia.Fico sempre triste quando me vou embora, temporariamente cativo no meu pensamento das coisas que podia ter feito, mas que nunca farei.  Só passei por casa para pegar na mochila e atafulhar lá para dentro os papéis e algumas peças de roupa.  Por volta das seis e meia da manhã ele deixou-me numa estação de serviço antes de Lleida, cidade que pretendo visitar. Agora são sete e um quarto. Olho para esta mochila avolumada sobretud