Assim se Cumpre em mim a Lei de Talião (1ª Parte)

Caminhando, condenado a dores infernais, de hora a hora, o meu estômago entra em combustão, paga pelos crimes que cometi. Inflama-se todo o meu corpo nesta dor incompreensível. Em chamas, acerco-me do Rio da Loucura, onde me banho com prazer, apagando o fogo que de mim nascia. E nesse momento, Neptuno, irado por não se cumprirem as suas ordens, praguejou sobre as montanhas, que encheram o rio de uma água nova. Não me apercebendo do que ocorrera, enquanto em deleitosos banhos descansava e arrefecia o corpo flamejante, surgiu uma tormenta como que do fundo da Terra e fui arrastado pelas águas do dilúvio divino a caminho de uma catarata. Para a margem certa nadei antes de no precipício cair. Dei por mim numa selva verde, onde todos os pássaros sonhavam os pesadelos do homem e gritavam de uma maneira louca, esvoaçando desgovernados como que endoidecidos por um espírito tenebroso e choviam penas arrancadas nos seus choques descontrolados contra as árvores e uns contra os outros. Os seus brados agonizantes estavam a enlouquecer-me, por isso regressei, mergulhando no Rio da Loucura em direcção ao abismo e quando nele mergulhei tudo ficou Branco e fiquei seco num instante.

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