Gosto (XLII)

Gosto de escrever à mão (é assim que está (e sempre vai estar) mais de noventa por cento da minha produção) e de escrita manual. Aprendo muito sobre as pessoas olhando para a sua letra. Não aprecio necessariamente uma escrita esteticamente agradável mais do que uma escrita medonha, mas inteligível porque há letras bonitas, bem desenhadas, com as curvas todas no lugar, que são mais difíceis de ler do que ortografias mais feias. Eu escrevo com tanta intensidade que rasgo as folhas com o meu ímpeto avassalador. O meu amigo Paco disse-me um dia que parecia que eu escrevia para chatear as folhas. Ri-me bastante e concordei com ele. Era sobretudo por isso que eu escrevia. Uma outra vez disseram-me que a minha letra é tão intensa e sentida que qualquer pessoa do mundo, mesmo que desconhecesse o idioma em que escrevo, entenderia a minha mensagem pelo mero desenho das palavras. Fiquei muito elogiado, mas não acreditei nesse editor, porque ele era um mentiroso de primeira, mas eu fi-lo pagar pelos seus crimes contra mim...

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