Os Diários Lunáticos de Zenit Saphyr (25 de Abril de 1991)

No dia em que morrermos juntos, de mãos dadas e coração unido seremos felizes para sempre. Teremos de morrer longe do mundo dos homens, pois se encontram os nossos cadáveres em comunhão os homens vivos tratarão de nos separar por considerarem obscena a nossa demonstração do mais fraterno e eterno amor. Partamos para os campos, para as terras distantes, para caminhos que não são percorridos senão ocasionalmente por homens solitários que compreenderão e homenagearão o nosso amor congelado para as eternidades. Ser-nos-ão concedidas honras e tornar-nos-emos lendas. Uma estátua é erguida, depois uma capela, a catedral chegará poucos anos depois do negócio ter crescido à volta dela. Melhor do que nós poderíamos, aqueles que nos adoram conservam os nossos corpos num estado considerado belo. E somos mesmo belos, por isso é que todos nos olham e invejam, beijando terços entre preces.

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