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A mostrar mensagens de maio, 2017

Os Diários Lunáticos de Zenit saphyr (P)

Regressava a casa vindo do meu trabalho às duas da manhã quando passei por um adorável casal de jovens que se beijava apaixonadamente em frente a um prédio. Eles estavam mesmo a comer-se à bruta, abraçados intensamente e segurando no pescoço um do outro, com a rapariga um degrau acima dele a dar-lhe uma despedida que prometia muito naquela relação. Eu continuei o meu caminho, um pouco mais sorridente por causa daqueles dois e, quando virei, cruzei-me com um homem alto e moreno que estava com as mãos enterradas nos bolsos de um sobretudo verde e com os olhos fixos postos atentamente nos amantes. Aquele voyeur parecia ser um homem parecido comigo, folgazão e jovial, sempre pronto para a brincadeira e para gozar com a vida. Estava completamente focado nos dois miúdos e nem sequer desviou os olhos deles quando me dirigiu palavra: - Já viu aqueles dois ali? Estão há dez minutos na marmelada em frente ao prédio. Não podem entrar? Ao menos iam para ali - apontou para um ponto morto, onde

O Meu Poder (6) P

Por vezes tenho o poder de invocar relâmpagos e trovões. Isto não se trata de uma coisa que eu consiga fazer sempre, está mais que provado que nem sempre que eu quero que caía um trovão acabe por cair um trovão, mas a única vez que eu fui confrontado com a obrigação de provocar um trovão, consegui provocá-lo bradando aos céus para que ele surgisse. Estava na Roménia nas rodagens de um filme do meu grande amigo Ivos Strapunaris sobre uma pobre família da região dos Cárpatos e chovia a cântaros num dia em que já tinha havido alguns trovões, contudo nenhum desses trovões tinha sido captado pela câmara de filmar. O plano que filmávamos mostrava essa família a transportar um caixão com o cadáver da avó para uma aldeia vizinha com o intuito de a enterrarem lá, uma vez que não havia cemitério no triste e abandonado lugar em que viviam. Era um plano lento, muito fúnebre e violento. A família era fustigada pela intempérie e as crianças quase que voavam levadas pelo vento. As gigantes montanhas