Dicionário com palavras pessoais

Dicionário para fundar novas palavras

(Estas palavras que proponho)

A pedido do amável e querido senhor Cavaco Silva, o nobilíssimo presidente da República e expoente máximo da divulgação da lusofonia pelo mundo fora, empreenderei a missão de criar novas palavras para o uso dos portugueses e dos outros povos lusófonos. Todos os dias confrontamo-nos com situações que não podemos descrever, ou por elas serem, julgamos nós, irrepetíveis, ou, por simplesmente serem diferentes de tudo o que conhecemos. As palavras que existem nem cobrir podem tudo o que se passa debaixo do céu, e nós gostamos de pensar no que há a cima dele…O tempo trará sempre novas palavras. Estas palavras que proponho versará sobretudo sobre sentimentos ou eventos intemporais, comuns a todas as épocas e a todos os homens. Aqui também apresentarei traduções possíveis para palavras que existem noutros idiomas e que são de uso corrente em português. Dar nomes às coisas confere-lhes poder.

Acções adiadas que causam forte raízes duradouras em mentes perturbadas

Adezeusados - Aqueles que percebem o verdadeiro significado da palavra "Deus". Não são ateus, não são crentes, nem agnósticos. Percebem que Deus é uma palavra que foi inventada em imensos idiomas para expressar a imensidão do céu que cobre os nossos sonhos, a eternidade do tempo, a beleza que é isto de viver, o mistério que é morrer e o Amor sem nome que move o Sol e as outras estrelas. Compreendem também que as primeiras questões que se colocam quando se ouve falar em Deus não podem ser "Acreditas? ou "Existe?" porque isso é absolutamente irrelevante.
Adezeusismo - Conjunto de crenças nas quais se inspiram os adezeusados, que pretendem desvalorizar a questão da existência ou inexistência de Deus. 
Aldárgio - Sensação de estranha familiaridade que se tem, quando se está muito tempo a viver longe da pátria e se volta a ouvir a língua materna. Os falantes do nosso idioma soam-nos como irmãos que temos de conhecer e amar e estamos totalmente abertos ao que quer que seja que eles nos queiram dizer.
Almádina - Designa uma mulher que se tornou louca por experienciar invulgares sentimentos de tristeza durante demasiado tempo.
Altivaidade - Característica daquele que conjuga altivez com uma vaidade obstinada, desesperando aquele com quem interage, que, por vezes, admira principalmente a atitude formidável que o corpo confiante transmite.
Altrumalhanço - Aquelas coisas que todos conhecemos e por que todos passamos, mas de que nunca falamos, por serem desagradáveis ou grotescas. Podia dar um exemplo de uma dessas coisas inomináveis, mas as pessoas diriam que eu era uma pessoa doente, sempre a falar de coisas horríveis.
Analfabesta - Um analfabeto que é também uma besta (semelhante a analfabruto, analfabronco e até a analfastúpido, raramente escutada - é possível que as pessoas evitem estes vocábulos pela referência a "anal".
Anguziá - Sentimento de incompreensão particular que se dá quando contamos uma coisa que acreditamos ser verdade e uma multidão se ri do que dissemos.
Anteonteontem - O dia anterior a anteontem.
Anti-Parambidualistas - Aqueles procuram uma terceira via, que pode ser inexistente. São os se opõem á Ciência que aceita a divisão em apenas dois, num par, das mais importantes coisas (Homem e Mulher, o Bem e o Mal, a verdade e a mentira, etc). O seu lema é Não espalhamos a verdade nem a mentira, somos quem atira no Homem e na mulher porque queremos uma terceira via, há o Certo e o Errado, nós somos o outro estado, há o Bem e o Mal, mas nós estamos noutro lado.
Apatão - Termo insultuoso que se costuma aplicar a pessoas que não têm opinião sobre nada e estão sempre apáticas em relação aos acontecimentos...O feminino é apatona.
Aperipsicol - Aquele que abre mentalidades, desvenda novos mundos e mostra novos caminhos.Aperi é abrir em latim.

Arbalastro - Instinto básico de escrever as palavras de uma língua estrangeira de acordo com a sonoridade da língua materna ou da língua que conhece melhor. Muitas vezes, quando alguém escreve num idioma que não domina, comete-se um erro ortográfico gerado pelo ímpeto da escrita intuitiva e rápida. Acontece-me muitas vezes escrever "now' em vez de 'know' ou "want" em vez de "won't". 

Arratazado - Uma pessoa sente-se "arratazada" quando percorre escadas estreitas ladeadas dos dois lados por arbustos onde se movimentam ratazanas. Como as ratazanas não são visíveis, ouve-se apenas o seu rumorejar para cima e para baixo nos arbustos. Ouve-se o movimento, sente-se a sua presença, mas elas não se vêem. A pessoa que cruza essas escadas sente-se cercada, um estranho desconforto sobrevem. Essa pessoa está arratazada.
Arrastançar - Armadilha da percepção que faz com que uma pessoa que pega num objecto avaliando erradamente o seu peso, presumindo que pese menos do que realmente pesa, sente, quando, ao pegar-lhe a sua força não equivale aquilo que esperava. Neste caso a nossa mão parece enterrar-se, arrastada pela gravidade, mal nós pegamos no objecto, como se ele não quisesse sair de onde está. Dos vários casos de trapassião este é o meu preferido.
Atrafominhado - Diz-se daquele que está psicologicamente preso a uma ideia obsessiva e que não se consegue libertar dela de maneira nenhuma, deixando que o destrua.
Baldomorca - Palavra que as pessoas usam quando não têm mais nada para dizer, ou qunado não se lembram de uma coisa que valha a pena dizer. Não houve, não há e nunca vai haver nada que se assemelhe um pouco a uma baldomorca. Quando não se está certo do utensílio que se precisa para resolver um problema pode-se dizer: "Vai-me buscar uma baldomorca".
Balma - Lado da mão oposto à palma. A maior parte das pessoas refere-se, erradamente, a essa parte do corpo como "costas da mão". Acho "costas da mão" um termo absolutamente grotesco e sem qualquer cabimento. A palavra balma faz muito mais sentido porque, como é do conhecimento comum, "b" é o contrário de "p" e palma é o oposto de balma. A balma da mão é pouco tida em conta, uma vez que a maior parte das acções são levadas a cabo pela palma da mão, o que conduz a um condenável desprezo em relação ao outro lado, chamar-lhe-ia "o lado desconhecido", ou o "lado negro", da mão.
Barbararidades - Barbaridades que são também, ao mesmo tempo, raridades. Pedro Arroja é o exemplo de uma pessoa que diz muitas barbararidades.
Belhédeque - Salpico de água que atinge as nádegas provocado pelos dejectos que caem na água da sanita. 
Bolseita - Bolsinha que alguns homens fazem com o prepúcio para aconchegar o sémen depois de ejacularem masturbando-se, normalmente, enquanto vêem pornografia, para não espalharem a beita.
Cata-Beatas - Mendigos que se curvam para encontrar restos de tabaco nas pontas deixadas no chão pelos transeuntes.
Celamurda - Indivíduo que está sempre em casa, acomodado, que não tem alma e vive numa constante apatia, sem sequer conseguir fazer as coisas que deseja. Um insulto bonito.
Classifixação - Fixação com classificações.
Clavéol - Meter a chave na fechadura e, involuntariamente, fechar ainda mais a porta dando as voltas para o lado errado, o que pode ocorrer devido a uma bebedeira, ao uso de outras substâncias psicoactivas, a mera desatenção, ou até a uma fechadura cujo canhão foi colocado ao contrário e as voltas têm de ser dadas na direcção oposta ao habitual (no sentido dos ponteiros do relógio para abrir). 
Constrancionância - Opressão exercida por aquele que vai começar a almoçar e se junta a alguém que está a meio da refeição, ou mesmo a terminar, "obrigando" essa pessoa a esperar que acabe de comer.
Constracionados - Vítimas de constrancionância.
Constrancionadores - Aqueles que constrancionam.
Coprografomania - Mania de tirar fotografias a dejectos, principalmente os próprios, logo depois de os expelir
Copromância - Arte de adivinhar o futuro através da consulta dos excrementos. Os principais copromantes têm em atenção a forma como estão dispostas, a textura, a quantidade e a forma das fezes que estão a ser lidas.
Curtiluzmada - Refere-se a um desmaio de pó iluminado através de uma cortina de luz deformada. Por exemplo no 1:27 do filme Lágrimas e Suspiros de Ingmar Bergman vêem-se vários focos de curtiluzmada. 

estes raios de luz são curtiluzmada

Degrenterro - Armadilha da percepção que nos faz, na escuridão, enquanto descemos escadas, descer mais um degrau que aquele que existe mesmo. A planta do nosso pé dá um pontapé parvo no chão. Verbo é degrenterrar.
Dementecapto - Alguém que não sabe o que está a fazer de facto. Mistura de demente e de mentecapto. 
Deprexistência - Existência depressiva que depressa leva à decadência da alma.
Derreado - Diz-se de alguém que está completamente destruído pelas ocorrências da vida. O mesmo que destroçado.
Desdambouo - Sentimento de aturdimento causado por vermos a pessoa que amamos nos braços de outra pessoa, vertendo paixão a rodos dos olhos por outra alma. Nada tem a ver com inveja. É uma das muitas derivações da tristeza.
Despedrar - Deixar de sentir o efeito da bebida ou das drogas.
Deslinhar - Acto de voltar a ler a linha que se acabou de ler, em vez de se passar para a debaixo como era intenção do leitor.
Devaguear - Devanear de forma vadia enquanto se deambula e se divaga devagar, só para observar o mundo a andar. 
Devoldasseixo - Fruta seca cuja abertura é impossível sem recorrer a objectos externos ao nosso corpo. Por exemplo amêndoas e alguns tipos de nozes. Toda a fruta seca cuja carapaça-casca não é destrutível para nos deleitarmos com o saboroso fruto é assim chamada, mesmo que seja um daqueles amendoins que não abrem. 
Dezaldízio - Consumir paivas desenfreadamente, principalmente ao ar livre e fazer disso um modo de vida. Diz-se "andar no dezaldízio". Semelhante a "laurear a pevide" ou "andar na boa vai ela".
Disporderna - Derivado de "dispersão moderna". Dá nome ao constante acontecimento de se abrir um link para procurar uma coisa e acabar por se ser atraído por uma outra coisa esquecendo-se aquela que primeiro se procurava. É uma coisa que está sempre a acontecer-me e sei que também acontece a outras pessoas. 
Dolha - Aquele pingo de suor frio que se sente a cair do sovaco.
Dormitardar - Estar às voltas na cama, tentando, sem sucesso, adormecer. Ex: Ontem dormitardei e agora estou com sono/Estive na dormitarda.
Emprestadar - Refere-se a um objecto que supostamente tinha sido emprestado, mas, com o passar do tempo, acabou por ficar na posse de quem o recebeu emprestado.
Encefalocardia - Uma das doenças das quais Nadir Veld padece. Trata-se daquela doença em que o coração deixa de bater, mas o sangue continua a ser bombeado para os quatro cantos do corpo pelo cérebro. Este "coração" na cabeça causa uma terrível impressão em quem padece desta doença. O cérebro em convulsões faz com que o doente leve muitas vezes as mãos à cabeça, tentando em vão controlar o que se passa lá dentro. 
Enterar - Expressão que quer dizer aperceber/ficar informado de/dar conta de algo que ainda não tinha entendido. Igual à palavra espanhola. Quando alguém vir que o seu interlocutor está a persistir no erro deve gritar-lhe: "Entera-te!". Em português deu-se uma horrorosa (quase escandalosa) derivação desta palavra para "inteirar", que resultaria em "inteira-te!", que me parece uma expressão grotesca. Infelizmente, as derivações para português das línguas alheias nem sempre resultam bem. (será que "inteira-te" é pouco usado por ser feio?).
Entendowow - Quando uma pessoa exclama esta palavra está a dizer não só que entendeu o que foi dito, mas também que ficou espantada com o que foi dito. 
Envenerenar - Envenenar a alma de alguém através de falsas venerações que deixam a vítima a sentir-se altamente amada, quando nas suas costas são lançados olhares de desprezo e ódio.
Escadouo - Armadilha da percepção que nos faz, na escuridão, enquanto subimos escadas, subir mais um degrau que aquele que existe mesmo. A nossa perna paira no vazio de forma parva e não encontra nada no seu caminho. Verbo é escadoar.
Esclarificar - Mistura entre esclarecer e clarificar, cuja fusão quer dizer o mesmo que esses dois sinónimos conjugados.
Esparado - Característica de quem está parado à espera.
Estilentence - Uma frase dita com estilo e com intenção de intensidade. O que conta não é tanto o seu conteúdo, mas a forma e a entoação das palavras. Muitos filmes americanos de Hollywood estão pejados deste tipo de frases em que os protagonistas mostram o seu estilo, por exemplo: Go Ahed Make My day do Clint Eastwood. Deriva das palavras estilo mais sentence e também intense/intenso. 
Fezaiar - Som provocado pelo encontro de uma coisa muito quente com água. Ouve-se, por exemplo, quando deitamos um bocado de água num fósforo, ou um cigarro num poço. Faz uma espécie de fzzzch, que pode ser rápido ou mais lento (que são os melhores). 
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Fumolhar – Verbo derivado das palavras fumo e olho. Descreve o momento em que o fumador sente o seu olho ser invadido por uma estranha sensação, depois de dar uma passa no cigarro, que o faz arder e ter de se fechar. É como se o fumo que ele tenta ingerir se dirigisse para o olho. A opinião generalizada é que se trata de um evento irritante. A conjugação verbal é a normal de um verbo acabado em -ar. Eu fumolho, tu fumolhas, ele fumolha, nós fumolhamos, vós fumolhais, eles fumolham. O nome do evento é fumolho.

Humanesco - Quando as pessoas dizem "animalesco", referindo-se a um comportamento humano que é tão condenável que nós achámos que o devemos comparar ao dos animais, na verdade deveriam utilizar a palavra humanesco, uma vez que este tipo de comportamentos absolutamente repugnantes e inqualificável é característico unicamente dos humanos. 
Idiotraste - Pessoa que, para além de ser idiota é um traste.
Ilusonírio - Momentânea ilusão de que algo que se passou num sonho é, efectivamente, real. Isto sucede algumas vezes no momento em que despertamos e pode durar 10, 15 segundos, normalmente não é mais do que isso. Durante o período de ilusonírio estamos completamente convencidos que as coisas que vimos no sonho são mesmo verdadeiras e começamos a preparar-mo-nos para essa nova realidade, para a vida sob essa nova perspectiva.
Impulsionância - Excesso de força que aplicamos ao pegar num objecto do qual falhamos a percepcionar o peso certo. Descreve o erro de percepção que uma pessoa que pega num objecto sem saber o peso que tem, sente, quando, ao pegar-lhe, o juízo previamente feito antevia que o objecto pesasse mais. Neste caso a nossa mão e o objecto cortam o ar a grande velocidade, como se o arrancássemos à bruta de onde estava pousado.
Inquiessono - Sono inquieto não necessariamente perturbado por pesadelos.
Inssenssossgável - Uma pessoa insensível e inssossegável. Vibrante, incomoda tudo e todos com a sua postura destituída de qualquer sentido de respeito. 

Isoladouro - Material que isola e doura de forma duradoura e boa.

Isquenganar - Acto de roubar o isqueiro a alguém involuntariamente. Verbo. Costuma-se dizer "isquenganei-o" com um sorriso nos lábios. Quando se foi isquenganado sente-se uma grande revolta e tem de se andar a cravar, ainda que normalmente desculpemos o ladrão do isqueiro por ser "uma coisa que pode acontecer".
Labissorar - Quando uma coisa que prendemos entre os lábios fica presa num deles e puxa a pele, causando um ligeiro desconforto quando se liberta.
Livre-Trabalhador - Pessoa que trabalha por conta própria, sem pertencer a nenhuma instituição, corporação ou empresa. Tradução literal do termo inglês freelancer.
Lunacia - O mesmo que demência, mas prefiro a palavra lunacia, uma vez que tem a ver com lua. Creio que em inglês existe lunacy, ou algo parecido.
Masturbadoiro - O mesmo que sanita, mas este é o nome que eu atribuo a esse objecto. Certa altura na minha vida contei as vezes que utilizava a designada sanita para fazer as minhas necessidades fisiológicas primárias (urinar e defecar) e as vezes que a utilizava para libertar os meus despojos provenientes da auto-gratificação sexual e cheguei à conclusão de que as vezes que eu usava a sanita para largar os meus espermatozóides era muito superior às vezes que eu utilizava a sanita para urinar ou defecar. A partir desse momento comecei a chamar masturbadoiro à designada sanita. 
Meiálgua - Sensação com que se fica depois de pisar uma pequena poça de água com os pés calçados com meias. Muito desagradável.
Mensagear - Verbo que as pessoas poderão passar a utilizar para descrever o acto de enviar uma mensagem. Ao invés da pessoa dizer "mandei agora uma mensagem ao Pablo a perguntar se ele quer vir", poderá dizer a muito reduzida forma "Mensageei agora o Pablo para lhe perguntar se ele quer vir". Uma frase com 12 palavras torna-se numa frase com 10 palavras. A conjugação do verbo mensagear permite reduzir os vocábulos empregados para dizer uma coisa bastante corrente dos nossos dias, o início do século XXI, portanto parece-me uma importante palavra que merece um lugar de maior destaque nas bocas dos falantes da língua portuguesa. 
Murgladiadores - Aqueles que libertam a raiva e a frustração esmurrando paredes ou outras superfícies duras. O murgládio (nome da patologia) é uma auto-mutilação involuntária.
Nadayhára (diz-se com h aspirado ao estilo árabe) - Acontecimento casual com que nos deparamos, normalmente poucas horas depois de acordarmos, que nos faz recordar sonhos que tivemos nessa noite e, até então, estavam esquecidos. É usualmente um esclarecimento, uma iluminação, que volta a acordar o que sentimos durante a noite, enquanto sonhávamos e normalmente é relativa ao que foi sonhado. Este esclarecimento pode dar-se através de uma imagem, de uma palavra, de um pensamento (alheio a maior parte das vezes) e costuma ser externo à nossa interioridade.
Noctâmbulus - Aqueles que divagam e deambulam pelas noites. São evidentes derivações latino-arábicas.
Odiadores - Tradução forçada do termo inglês "haters". Refere-se àqueles que se esforçam por odiar uma coisa específica, por vezes sem nenhuma razão específica, simplesmente por odiar. Calão de detractores.
Odoraqueterris - Nome do odor que se liberta com a chuva e a terra molhada. Só se aplica a terra que assim cheire com a água da chuva e não com outra água. Pronuncia-se ODORÁKUÉTÉRRIS.
Paílho - O mesmo que "gajo". Indivíduo. "Aquele paílho é italiano". Mais comum quando não se conhece o nome da pessoa em questão. 
Papa-Jantares - Aqueles que se aproveitam das ofertas dos outros sem nunca as rejeitar e acabam por ser um peso por estarem a mais. 
Passamérida - Quando escrevemos uma palavra num computador, vemos que o início está errado, apagamos tudo e escrevemos do início e depois sentimo-nos burros por o ter feito.
Patifários - Os vários emissários dos patifes e dos salafrários.
Persianalejo - Som de várias persianas a serem fechadas ou abertas. Ouvi, em tempos, uma banda criativa, que alugar um prédio para, com os sons das persianas das janelas, criar música, orquestrando singulares realejos. 
Pilhagalinhas - Individuo que rouba em pequena escala, para sobreviver. Arrisca-se por pouco e normalmente é apanhado.
Polzágua - Espessa gota de um acumulado de águas, sobretudo das chuvas que costuma cair do alto dos tejadilhos ou de canos de esgoto para o chão provocando um bonito efeito de explosão de água ou então, se cair na cabeça de um transeunte causa óbvio incómodo.
Prestimir - Esquecer-se novamente de fazer uma coisa que está há algum tempo para ser feita e que até foi recordada várias vezes, mas sempre em situações em que não pode ser levada a cabo. Prestimir aplica-se ao olvido repetido e há constante lembrança desse olvido. Um exemplo clássico e simples de prestimir: "uma pessoa precisa de regar as plantas de sua casa. Recorda-o várias vezes ao longo do dia, mas, quando chega a casa, por ter muitas outras coisas para fazer, esquece-se. No dia a seguir, pouco depois de sair de casa volta a lembrar-se". Durante todo o tempo que esteve em casa o indivíduo em questão esteve a "prestimir" a rega das plantas. 
Ranheira - Parte dos móveis, geralmente sofás, onde são acumulados dejectos nasais, que o utilizador põe debaixo do sofá por preguiça. Nome propositadamente esteticamente horripilante, pois designa o lugar imundo que é a parte debaixo dos sofás.
Recheminga - Pessoa extremamente irritante, que normalmente está contra os planos delineados para uma ocasião e se revolta, deixando todos os presentes incómodos. Um recheminga é uma pessoa que não está nem deixa estar os outros. Um empecilho. Um idiota. Um peixe mole. É normalmente usado como um insulto.
Redesligaritradi - Tradições religiosas que não fazem sentido nos tempos modernos, como o Aniconismo, que impede a representação figurada de seres viventes, algo que deve ser projectado apenas pelo próprio Deus-Alá. A palavra Religião tem a ver com ligar Deus ao homem, redesligaritradi tem a ver com esse desligamento. 
Sequióide - Característica do fruto que ainda não está maduro. Costuma-se usar, erroneamente, a palavra "verde"; sequióide é o seu sinónimo correcto. Muitas frutas, antes de atingirem o estado de maturação que lhes permite serem comidas, encontram-se, de facto verdes, mas muitas outras há que apresentam outra cor, mas textura seca verifica-se em quase todas as frutas que ainda não estão boas para serem comidas. Daí sequióide.
Tabalgoar - Sentimento de desconforto que invade um fumador que está a fumar o seu cigarro tranquilamente, quando vê aproximar-se um individuo claramente crava, com o intuito de pedir um cigarro espelhado no olhar. 
Tanativa - Momento normalmente depois da morte em que a memória de uma pessoa desaparece definitivamente. A Tanativa é uma espécie de morte da memória. Há algumas pessoas que nunca enfrentaram a Tanativa, o olvido eterno. Jesus Cristo, Platão e Leonardo da Vinci são nomes de pessoas que provavelmente nunca atingirão a Tanativa, apesar de já terem morrido há muito tempo. As suas obras são demasiado importantes para que eles caiam no esquecimento. Uma pessoa em que ninguém pensa e da qual ninguém quer saber pode atingir a Tanativa ainda antes de morrer.
Ti'Tude - Expressão sempre dita com um tom de resignação, porque quer dizer tive tudo...
O "ve" de "tive" cai e o "o" de tudo é dito como -e, porque também vai beber à palavra atitude. Assim, ti'tude costuma dizer-se quando uma pessoa teve quase a realizar um desejo há muito desejado, mas acaba por o ver frustrado....ti'tude não aceita outras formulações a não ser a nós próprios, te'tude em relação a um terceiro não existe. É uma coisa muito pessoal, porque, fazendo uma avaliação total da situação em que se falou, se percebe que houve uma tremenda falta de atitude.
Tolérias - Tolices que são também lérias.

Traçalgar - Quando o cigarro que o fumador está a deitar no caixote do lixo fica colado ao seu dedo no momento em que ele o está a deitar fora para um cinzeiro de rua ou para o lixo e não o consegue largar no sítio desejado, acabando ele depois por cair para o chão quando, passados uns instantes, se descola do dedo. Muitas vezes isto acontece logo a seguir a retirar a mão do lixo e meio segundo depois de o fumador ter julgado largar o cigarro.

Trapassião - Generaliza as várias armadilhas da percepção.
Vigartitário - Um vigarista autoritário, um vigário notável. Insulto da família de idiotraste.
Valdergar - Esforço por tornar verdadeira uma mentira que contámos.
Vultandade - Sentimento de imenso vazio que as pessoas costumam sentir depois do momento da ejaculação pós-masturbação.
Zadraveu - Um mistério demasiado grande, impossível de desvendar, impossível de penetrar, eternamente etéreo...