Carta Aberta para o Jornal Público a propósito de artigo pejado de mentiras de Jorge Almeida Fernandes

Carta aberta ao Jornal Público, na sequência do inacreditável artigo "Espanha: a Judicialização da política" de Jorge Almeida Fernandes.

Clique para o texto mentiroso de Jorge Almeida Fernandes

Escrevo-vos com muita preocupação e ainda absolutamente chocado pelo artigo "Espanha: a Judicialização da política" de Jorge Almeida Fernandes.
Se a diversidade de opiniões deve ser incentivada e é algo fundamental para que se viva numa democracia, o libertinismo de opinião parece-me uma coisa grotesca e inaceitável. A forma como JAF altera a verdade e mente descaradamente em pelo menos três pontos do seu artigo é algo que eu não posso tolerar e as evidências da sua mentira são tão claras que me apetece ir gritar para a rua ou esfregar-lhe as verdades na cara.
Os três pontos em que a sua mentira torna proporções dramáticas são:
- "Foi a mesma CUP, graças à sua minúscula mas indispensável bancada parlamentar, que sempre forçou a mão aos partidos nacionalistas e ao ex-president Puigdemont" - Esta afirmação é de um sem sentido completamente desvairado. Só alguém que está às portas de perder o senso pode escrever semelhante coisa. A CUP tinha 10 deputados num Parlamento de 135! A independência da Catalunha é um desejo muito anterior à CUP, muito anterior ao Terra Lliure, movimento terrorista cuja desintegração terá, segundo alguns, levado à criação do partido CUP. Por isso afirmar que é a CUP que está a puxar os cordelinhos pela independência é um exagero de alguém que está a perder a noção da realidade e a ficar gágá. Não tenho nada contra, nem sequer me oponho a que tenham um ou outro articulista que esteja a perder a razão, pode ser uma coisa interessante e divertida, mas, por favor, sinalizem a sua demência no início do artigo. Sugiro-vos algo como "este é um artigo de Jorge Almeida Fernandes, articulista que está às portas da demência...". As pessoas não seriam induzidas em erro por mentiras deliberadamente plantadas e poder-se-iam divertir com os desvarios de alguém que está a perder a noção da realidade. Fica a sugestão, sem que precisem de me agradecer.
- "Não são presos políticos, são políticos presos." Esta é uma daquelas mentiras que é mais que a própria mentira. É uma tomada de posição fascista que defende a prisão de pessoas por motivos meramente ideológicos. ELES SÃO PRESOS POLÍTICOS. Eles foram eleitos pelo povo porque são independentistas e porque tinham no seu programa a luta pelo independentismo e a realização de um referendo. Eles foram eleitos com este programa, repito. Dirão que o independentismo é uma coisa inconstitucional e não seria legítimo eleger pessoas com motivações criminosas, mas de todos os crimes que eu consigo imaginar, querer ser independente de Espanha, não me parece uma coisa comparável aos crimes de Iñaki Urdangarin (anda em liberdade) ou aos de Mariano Rajoy (é só o chefe do Governo). Estas palavras são maldosas, pensadas e fazem eco daquelas falsidades que saem dessa fábrica de construir mentiras em que se tornou Madrid ultimamente. JAF, na sua ânsia de agradar ao seu patrão Rajoy (que também está à porta das demência - será por isso que JAF gosta tanto dele?), não tem qualquer vergonha em repetir as mentiras que são cuspidas pelo Governo Central, não tem qualquer pejo em dar voz à voz da vergonha. É inacreditável.
- "mas em que a maioria da população se opõe à independência". Chego, por fim, à mais inacreditável e execrável mentira a que JAF se presta no seu tendencioso artigo. A minha principal pergunta, e gostava MESMO que alguém me respondesse, é: em que é que JAF se baseia para escrever semelhante atrocidade? Será nas sondagens que por vezes se fazem ao povo catalão? Seguramente que não. Será nas conversas que ele tem com catalães? Não me parece, a larguíssima maioria dos catalães que conheço quer a independência. Será que se baseia no resultado das últimas eleições, em que os independentistas confirmaram a maioria no Parlamento e uma vasta maioria de quase 60% afirmou que quer realizar um referendo? Em que se baseia ele para escrever esta podre mentira? Por favor, pode alguém responder-me? É que a constante repetição de uma mentira não torna uma mentira verdade. Lá porque o Mariano Rajoy enfia a cabeça na areia enquanto diz "não há independentistas, não há independentistas, eles não são uma maioria" isso não quer dizer que seja verdade! Se há assim tantas certezas de que eles não são uma maioria, estas pessoas não deviam ter medo do referendo pela independência. Faz-se um referendo e pronto, fica decidido, eles são uma minoria e não se fala mais nisso, acabou. Mas este senhor não é assim, JAF tem a arrogância de se colocar num pedestal de superioridade e conclui que os independentistas não são uma maioria porque um passarinho lhe disse ou porque teve uma visão num sonho ou porque bebeu um pouco mais de brandy.

Eu atrevo-me a dizer que, caso JAF fosse confrontado pela Justiça depois de escrever o que escreveu, arriscar-se-ia a ser condenado a alguma pena, não por um delito de opinião, como os presos catalães que tanto prazer lhe dá ver atrás das grades, mas sim por fazer a apologia da mentira e do engano para deturpar a realidade e enganar pessoas menos informadas ou aquelas que apenas lêem o "El Pais".
Afirmo e reafirmo, eu não me vou calar até ver um pedido de desculpas da parte de JAF. Uma coisa é uma opinião e cada pessoa pode ter a sua. Outra, é mentir deliberadamente e para apoiar uma agenda que caminha nas bordas do fascismo.

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