Comiseração (18)

Depois de afagar a minha barba, dei pela minha mão a fechar-se gigantesca sobre o meu pescoço, começando um estrangulamento intenso para abafar as lamúrias de um coração dilacerado. Apesar do meu objectivo ser sufocar-me, consegui respirar tranquilamente por baixo daquela mão violenta, enquanto apertava mais e mais e a dor ineficaz se ia tornando mais perturbadora. Estive meia hora a fazer pressão com a mão para morrer, para nunca mais sentir, mas não consegui nada com isso, a não ser uma marca vermelha que não vai desaparecer durante dias. Pode ser que o meu decapitador use essas linhas como referência. Oxalá.

Nadir Veld

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Contos Eróticos de Fernando Bacalhau (Alexandra Lencastre)

Dicionário com palavras pessoais

As Mais Belas Palavras da Língua Portuguesa