Comiseração (20)

Adio sempre aquilo que tenho de fazer com medo do insucesso da minha empreitada. Se falhar, um temor imenso invadir-me-á a alma com vazios e durante anos irei rever no palco da minha imaginação o filme do falhanço, repetindo-se até à loucura, por isso tomo uma atitude de preguiça e sigo sozinho nas vias da lassidão. Ainda giram à minha volta todos os sonhos frustrados da minha vida. Com os olhos desalentados persigo-os enquanto esvoaçam no ar, não os posso perder de vista, talvez ainda os consiga alcançar. Enquanto estiver viva a chama que os alimenta possa sempre tentar. Não partam sonhos meus, não, não, não! Deixo que a esperança banhe as vossas praias solarengas, ainda que seja só de tristeza feita essa luz que alumia o sonho. Quem fará tudo o que deixei por fazer senão o meu mais tenebroso inimigo?

Nadir Veld

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