Os Diários Lunáticos de Zenit Saphyr (23 de Agosto de 2015)

Acordei abandonado num Oceano de palavras que preciso de dizer. Elas estão de tal maneira desorganizadas que eu já nem consigo focar-me numas para começar a resolver-me, pois a minha vista abarca e lembra-se sempre de mais um elemento, que entra sempre em confronto com aquele que eu queria resolver e isso faz com que ambos se transformem em novas e extraordinárias palavras, outras formas, novos monstros de outros medos sempre adormecidos, ansiosos por serem acordados. O Nadir Veld fala cada vez mais nas cavernas obscuras do meu ser. O seu uivo alto ecoa pelos meus nervos e vibram as minhas peles com lamentos que não são meus. Há lugar para dores alheias no meu peito imenso, rasgo as minhas vestes e ofereço as minhas carnes a quem as quiser golpear, venham!, eu suporto tudo, chicoteiem estes ossos e deleitem-se com o sabor doce do meu sangue e das minhas lágrimas, açoitem-me todo o corpo e, mesmo assim jamais sereis capazes de chegar à réstia de esperança que eu tenho escondida lá bem no fundo da minha alma. É para isto que existo, para cumprir sereno os meus desígnios de Cristo. Nos olhos não tenho a idade dos anos que vivi, tenho o mistério dos sonhos que sofri e sofri sofrimentos em demasiados corpos, em demasiadas almas para não poder ser senão estouvado o meu desejo de imensidão. Calem-se sombras obscuras, hoje quero dormir.

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