Comiseração (51) (P)

Oh, Meu Deus, os lençóis da minha cama estão a tentar matar-me e, ainda por cima, estão a variar os métodos para a concretização dos seus diabólicos planos. Hoje os lençóis enrodilharam-se todos, porque já não faço a cama há muito tempo e começaram a prender as minhas pernas como se fossem os tentáculos gigantes de um polvo para me aprisionar e eu, não conseguindo sair, tive de desatar-me com as mãos durante dez minutos. Os meus pés estavam presosoutro dia estavam de tal forma quentes e confortáveis que eu não consegui sair da cama, pelo que fiquei deitado 5 horas para lá das horas da minha obrigação! Oh meu deus os lençóis da minha cama querem matar-me! Hoje escaparam-se e acordei na tristeza fria de uma lágrima de um daqueles sonhos que queremos que tenham sido reais e encaixamos num espaço bonito do nosso passado, mesmo perfeito, e nos convencemos momentaneamente que aquele momento cristalizado pelo subconsciente alucinado é a realidade pura, até que a manhã lava essa miragem e acordamos secos, com os remotos pensamentos a reemergirem para pilotarem o barco mais um dia...

Nadir Veld

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