Não Gosto (52) (PP)

Não gosto nada das traduções que Jorge de Sena fez das obras de Ernest Hemingway. Só li dois livros de Hemingway traduzidos por ele, O Velho e o Mar e Fiesta (The Sun Also Rises). O Velho e o Mar já li há algum tempo, não me recordo ao certo das passagens que mais me revoltaram e desiludiram, mas agora ando a ler Fiesta, que encontrei e roubei de um Hostel de Budapeste, que, para minha grande surpresa tinha um livro em português. Há muitas passagens que me deixaram imensamente estupefacto, vou dar apenas alguns exemplos: “Durante certo tempo a paisagem era bastante a mesma”, “Cohn ia ver se arranjava a fazer a barba”, “Em poucos momentos a choca o foi buscar, amansou-o e fez dele parte da manada”. Recordo que isto são só exemplos. O livro está recheado de frases que não fazem qualquer tipo de sentido, parecendo ter sido escritas por crianças. Para além desses erros há uma frase em que o “há” é trocado por “à”, uma nota de rodapé em que Jorge de Sena se refere aos “peles-vermelhas”, usando um termo super racista, em vez de usar “nativos americanos” ou simplesmente “índios” e há também o uso constante da palavra “grosso” como sinónimo de bêbedo. Muito raramente nos meus quase 60 anos de vida ouvi alguém a usar a expressão “grosso” para se referir à ebriedade. Por que raio é que ele optou por usar uma palavra que se perdeu no tempo para se referir à bebedeira? Não faço nem ideia. Não sei se ele fez estas traduções contra-vontade, ou à pressa só para juntar uns trocos, o que é certo é que não têm ponta por onde se lhe pegue e só mancham a sua carreira de escritor.

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