Os Diários Lunáticos de Zenit Saphyr (25 de Julho de 2016) (Passado)
Passeava na praça Blaha Luzja em Budapeste às duas da manhã quando um senhor com uma cara única me chamou a atenção. Tinha cerca de 60 anos e uma expressão dura difícil de qualificar. Parecia que todas as coisas terríveis já se haviam passado na sua vida. Tentei adivinhar a sua história: os seus avós haviam sido massacrados na Segunda Guerra Mundial, dois queimados e os outros lançados ao Danúbio; os seus pais haviam sido presos e torturados pelos nazis, mas conseguiram escapar para depois desaparecerem levados pelo carro negro dos comunistas, nunca mais apareceram; a sua mulher havia morrido a dar à luz o seu segundo filho; a sua filha morrera atropelada nos anos 90 ou desaparecera, raptada pelos alcoviteiros de produções pornográficas. Não sei, não faço ideia, posso apenas deduzir. A única coisa que posso dizer é que ele tinha um inolvidável rosto de sofrimento, uns olhos tristes focados no vazio, revoltados com a vida e uma dor imensa na alma, que contribuía para acentuar a monument...