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A mostrar mensagens de maio, 2015

Gosto (I)

Gosto de TROVOADAS. Ouvir o ribombar dos trovões na distância tranquiliza-me principalmente quando estou num lugar seguro. Quando estou a dormir ao relento gosto de os ouvir ao longe, mas quando estão perto fico com algum receio e não consigo adormecer. Ver os clarões rasgar o céu num eléctrico feixe branco causa-me arrepios de puro prazer, porque me parece que o céu está a ser dividido em dois e até os habitantes do Paraíso são momentaneamente separados

Não Gosto (VI)

Detesto as pessoas que fazem da MISÉRIA DOS OUTROS O IMPULSO PARA A SUA ASCENÇÃO! Essas pessoas são grotescas e asquerosas e merecem a exterminação imediata. Entre outros contam-se entre estes os PASTORES DE IGREJAS EVANGÉLICAS (que exploram crentes dizendo-lhes que através do pagamento do dízimo conseguem um lugar no céu), os POLÍTICOS (que, de forma geral, nada mais têm a não ser sede de poder), os BANQUEIROS (que fazem da pobreza alheia um modo de enriquecer) entre outros BASTARDOS!!!!!

Gosto (VI)

Gosto do SECRETO E DO MISTERIOSO. As coisas que se envolvem de passados obscuros exalam um perfume a cujo charme não consigo resistir. Sinto-me atraído por seitas secretas e vivi em segredo de mim próprio certas ocasiões...Fui viciado na participação de rituais obscuros que não serviam para nada. Arrependo-me de ter gasto tempo nessas drogas, mas continuo a não resistir a seguir o caminho dos mistérios.

Gosto (III)

Adoro NADAR TODO NÚ. Bater as pernas e sentir tudo solto dá uma grande sensação de liberdade, como se me fundisse com a água num único ser deixando-a penetrar em todo o meu corpo.

Gosto (II)

Gosto de PROFESSORES, desde que eles tenham apenas o intuito de ajudar e ensinar, nunca o de oprimir, fazendo parte um sistema abusrdo.

Não Gosto (II)

-Detesto ESCOLAS  até à morte. Nas sociedades actuais ditas civilizadas a ENTIDADE ESCOLA é impingida às crianças desde a mais tenra idade e exerce um importante papel no seu controlo. Se toda a gente for educada da mesma maneira vamos obviamente ter pessoas parecidas, quase que formatadas para uma norma que alguém definiu para nós. Nas escolas ensina-se para as crianças terem boas notas nos testes, como se a aprendizagem fosse um sistema fechado, que serve apenas para se justificar a si próprio, e não perante o verdadeiro conhecimento.

Gosto (XXXIX)

Gosto de olhar directamente para as lâmpadas e piscar rapidamente os olhos, deixando a minha vista inundar-se de uma cegueira branca e ficar completamente encadeada  com a intensidade do brilho dos filamentos,   sem conseguir ver as coisas para as quais estou a olhar porque, por cima delas, está uma cintilação que tudo ofusca à sua volta. Quando isso acontece, é gratificante fechar os olhos e ver na escuridão aquele brilho antigo (a lâmpada agora até já pode estar apagada), dançando mais e mais, quanto mais pressão fazemos com as pálpebras cerradas. Agora até podemos esfregar a pele que cobre os olhos e o brilho parece que se entorna na escuridão do nosso palco visual formando sonhos, imagens, alucinações surrealistas. Eu fico deleitado durante horas a sentir essas luzes vermelho-amareladas e até já li o meu próprio futuro e tomei decisões de vida inspirado nas formas aleatórias que me são dadas. Durante meses usei bigode porque estas contemplações assim me aconselharam.

Os Diários Lunáticos de Zenit Saphyr (26 de Maio de 1982)

Não consigo deitar-me com esta angústia que causa espasmos no corpo que já não controlo. Sei que, se me deitar na cama, vou ficar às voltas e às voltas, sem parar quieto nos lençóis em chamas, escutando fantasmas que me chamam com vozes arrastadas e místicas, como se despertassem horrores na nossa cabeça, como se enchessem todo o som do meu cérebro. Sei que eles vão invocar passados turbulentos exibindo no meu sentimento um desfile de imagens agonizantes, que me farão de novo olhar para o vazio, então, a cama vai abrir-se e eu vou cair para um longo abismo como naqueles sonhos em que parece que, saltando de alturas, vamos finalmente voar (o nosso grande sonho!) antes de nos estatelarmos e acordarmos sobressaltados, lá vou eu para as entranhas do mundo, engolido pela atmosfera de medo que criei com as sombras terríveis que me nasceram e eu deixei crescer na minha imaginação até um horizonte de maldições insustentáveis se estender à minha frente. Agora o silêncio da noite é um ruído que

Os Diários Lunáticos de Zenit Saphyr (2 de Agosto de 2013) - A Fuga de Fuzeta

Os meus olhos determinados brilham loucamente, iluminados pela forte luz amarela do fogo que consome a casa agora crepitante onde vivi. Vastas chamas estendem-se a uma altura de 5 metros acima da parte mais alta da casa. Sinto que atirei para trás das costas um passado recente que me repugnava. A casa protectora, com o seu tecto e as paredes criando a ilusão de segurança (ou uma segurança real que é um mau sentimento, como se nos deixasse prostrados) desaba agora para todo o sempre e eu contemplo maravilhado o seu desaparecimento. A gasolina, dispersa em posições estratégicas dentro de casa, ajuda à combustão, criando efeitos magníficos. De uma das quatro janelas da minha pequena casa sai um braço de fogo incrível, uma espiral alucinante consumindo o vazio. Sei que sonhei com uma vida de reclusão, escrevendo livros para ganhar a vida, mas esse sonho não durou muito, cedo me apercebi que não tinha capacidade nem talento para escrever bem. Os grandes escritores têm de trabalhar muito par

Os Diários Lunáticos de Zenit Saphyr (8 de Setembro de 2007)

Inebriantes vibrações aromáticas espraiam-se pelas ruas banhadas de sol. O cheiro invade as narinas treinadas e perturba o sono de um estômago há muito adormecido. Quando a segunda vaga de fome enche de secura a barriga vazia, sabemos que o apelo da Natureza não pode ser negado e vamos atrás de qualquer coisa que se coma. Estar dois dias em jejum quase involuntário, à deriva por ruas mirabolantes com uns dinheiros que dão para coisas, mas nunca para comer, deixa-nos arrasados, incapazes de pensar como pensamos. Retardamos o saciamento. Talvez seja só eu, mas, às vezes, não como. Numa rua suburbana, com prédios de três andares, um odor místico. Senti-o com toda a dimensão da minha sensação, quase como se abocanhasse as salsichas e as batatas fritas de uma só vez. É um cheiro distinto. Senti também o aroma de ovos a serem estrelados. Dirigi-me ao prédio, carreguei no segundo andar, de onde o odor vinha e disse que vinha contabilizar a electricidade no prédio. Farejava por escadas desc

Os Diários Lunáticos de Zenit Saphyr (15 de Outubro de 1972)

Puxou a cortina e a porta fechou-se, com aquela separação o mundo desabava. Comecei a correr em direcção a uma das casas semi-abandonadas que rodeavam a aldeia. Não queria ser interrompido na minha correria desenfreada, mas apareceu o Coté: - Pô, Zênite! Onde vai você correndo assim? Devia estar lívido e amedrontado, mas fingi para o Coté que estava muito bem, que ia ter com um amigo qualquer e já estava atrasado. Coté lançou-me um sorriso condescendente, como quem diz "Já te conheço...". Eu agradeci-lhe e retomei o caminho como se nada fosse. Levantei um tampo posto no chão a um canto onde outrora fora a sala e tirei as minhas poupanças de uma pequena caixa de madeira. Espalhei o pouco dinheiro por bolsos e coloquei o meu apito prateado na boca. Soprei. O som espalhou-se no céu e eu esperei, enquanto o imaginava afagando as nuvens. O cão Jeremiah, a que eu chamava apenas Jer, apareceu correndo ao meu encontro para me abraçar. "Vamos, Jer, não temos tempo a perder&quo

História da vida de Zenit Saphyr (1ªParte)

Nasci em Tapuy-Porã (Rancho Bonito na língua índia tupi-guarani), no estado do Mato Grosso do Sul corria o ano da graça de 1959. A minha mãe, originária de São Paulo, era pobre, mas criava-me dando-me tudo o que eu desejava, pois o meu pai ausente continuava presente, de certa forma. Eu sentia-o na aldeia, mas não sabia quem era. Tive uma infância feliz, ajudando na construção da cidade que se viria a chamar Mundo Novo. Como o lugar ainda era um pouco selvagem tinha uma fauna variada e eu tornei-me especialista em matar cobras aos sete anos. Era um apaixonado por futebol e por livros. As proezas de Pelé com uma bola maravilhavam-me e eu pensava nele como um genial artista. Acho que apenas por duas ou três vezes vi realmente o Pelé jogar...grande parte do encanto que eu tinha era a imaginar as jogadas que me eram relatadas pelos homens mais velhos e entendidos. Eu ouvia-os avidamente. Como ainda não existia escola naquele lugarejo quem me ensinou a ler foi Adjalmo Saldanha, um dos funda

Eus

Tu aí ouve-me! Tens em ti uma força que não compreendes Corpo, alma e sensação Um eu na distância do tempo Pelos poros do teu corpo escapa-se o prazer E o livre arbítrio Moves-te fazes o que queres Vês o que queres com os teus olhos humanos Estão cansados pairando no vazio Os teus amigos ressuscitados Passaram por ti sem te ver Marcham para o silêncio Em todos nós uma mãe eterna e um Deus para sonharmos Convivem harmoniosamente Novos trilhos para diferentes florestas Nunca voltar atrás Nunca aceitar o quotidiano Assassinar os hábitos Corram irmãos, RUMO À LIBERDADE Os caminhos para trás fecham-se A vida é o progresso em movimento Progressos, progessos, nunca retrocessos Tu e eu, com o teu eu particular e indefenível Nenhum grupo pode abarcar todos os teus ideais O teu ego existe e presencia experiências únicas! Experiências únicas que te diferenciam dos demais Ouve o meu brado não o ouvindo E decide a tua fé O Deus miraculoso v

Oração por acolhimento de um Cruzador de Estradas

Oh meu próximo amigo Acolhe-me com carinho Sou um viajante esquecido O meu destino é incerto E a minha proveniência um segredo Que o meu silêncio misterioso seja para a tua casa uma bênção luminosa Que os meus olhos enternecedores pousem gentilmente sobre aqueles que amas Irradiando felicidade e compreensão e que convoquem espíritos benignos Para deambularem pelas divisões dos teus aposentos Muito depois da minha partida Criando paixão pela simples magia do seu pairar.

Outro Barco para Atlântida

Há alguém que pense neste assombrado barco? O sol foi engolido por ondas sob um céu cinzento aglutinador Entre as ondas, vogando indestrutíveis Seguimos no ritmo da tempestade Dia e noite trabalhando, ainda que em desunião Cada um de nós foi submerso por uma entidade marítima similar Meios répteis verificamos os cascos e reparamos os danos Cada se sacrifica à sua maneira Às vezes capturo um tritão e asso-o no espeto As minhas camadas estão protegidas e a Atlântida está perto Sou indecifrável, mas tenho um objectivo Na noite, surgiu a galera tão esperada A única deu o sinal e partiu Vieram os submarinos e as espécies novas Não mostraram mais nada a não ser novo caos Mas eu cheguei à Atlântida.

Verdade e mentira?

Não há nada melhor, para nos fazer pensar sobre a verdade e a mentira, do que inventarmos uma personagem, dar-mos-lhe vida a partir do nada, como se fossemos um Deus todo-poderoso, e depois matá-la sem piedade nem hesitação sonhando o momento em que ela deixa o nosso mundo com um buraco fumegante no corpo ferido, baleado por nenhuma razão. Eu sei quem foram os criminosos e o que os levou a matarem por engano Bento Diamante. Ele foi confundido com um ourives e toda a revista portuguesa passou a fazer sentido.

Saphyrianada

Irmãos Congregados Esta é a noite Hoje é o dia Agora é o momento Esta é a fogueira da reunião Já sofremos mudos Culpando os irmãos surdos, Mas agora esquecemos Os temores sepultamos Amanhã é sempre sucesso Contamos sempre com o fim do passado Obrigado ao esquecimento