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A mostrar mensagens de agosto, 2013

The Hollow Men (T.S. Eliot)

Os Homens Vazios de T.S. Eliot I Nós somos os Homens Vazios Somos Homens Enfardados Inclinamo-nos em conjunto Consciências cheias de palha, ah! As nossas vozes secas, No momento em que juntos sussurramos, São submissas e sem sentido Como vento na erva árida Ou patas de rato sobre cacos de vidro Na cave estéril Contorno sem forma, cor sem tonalidade Força paralisada, gesto sem movimento Aqueles que atravessaram Sem pestanejar Para o outro Reino, o da Morte Recordem-nos não como Almas Perdidas e Violentas Mas apenas como Homens Ocos Enfardados II Olhos que não ouso enfrentar em sonhos No Reino Sonhado da Morte Estes olhos não surgem Lá, os olhos são Luz do Sol numa coluna desfeita Lá, a árvore balança a ritmo lento E as vozes vibram Na Canção do Vento Mais distante e mais solene Que uma estrela evanescente Não deixai que me aproxime demais Do Reino Sonhado da Morte Deixai-me apenas exibir desgastados disfa

Lições de Escuridão

Hoje sinto-me lúcido e alerta Enquanto percebo tudo por que passei no meu passado longínquo Antecipo um futuro tão incerto como os meus primeiros passos Neste Mundo vasto em maravilhas Hoje, sinto-me prisioneiro do passado recente, Destes últimos anos à sombra da vida Escondido e parado no mesmo lugar Colhendo da terra o alimento necessário Vivendo só de mim e só para mim Longe, Estar vivo e sem movimento geográfico no planeta que me acolhe Está a destruir-me devagar como uma doença prolongada avançando sobre mim A preguiça vence a vontade de partir A pena que sinto de mim mesmo, dos infortúnios, Das batalhas que sempre perdi por mais esforço que nelas colocasse, Reconforta-me em vez de me intranquilizar (Pobre Zenit Saphyr com tanta comiseração e compreensão em relação a si e aos outros) Os meus olhos vertem uma dor intransmissível, Um brilho de tristeza e complexidade interior E é esta urgência que tenho em descrevê-los pormenorizadamente Enqu

Décadas

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Aqui estão os homens jovens, um fardo nos seus ombros Eis os homens jovens, bem, onde têm estado? Batemos às portas das câmaras mais tenebrosas do Inferno Levados ao limite extremo das angústias para onde nos arrastámos Observávamos das alturas as cenas que se repetiam Vimo-nos a nós mesmos como nunca nos tínhamos visto antes Retrato do trauma e da degeneração As mágoas que sofremos e de que nunca nos libertámos Onde têm estado? Onde têm estado? Onde têm estado? Onde têm estado? Exaustos por dentro, agora que o nosso coração se perdeu para sempre Não podemos repor o medo, nem a emoção da perseguição Rituais que nos abriram uma porta para deambulações Aberta e depois fechada Com violência batida na nossa cara Onde têm estado? Onde têm estado? Onde têm estado? Onde têm estado? Traduzido por Nadir Veld da música "Decades" de Joy Division. Possivelmente sobre os homens que se perderam como homens em guerras planeadas por

Relatos do Além-Mundo (5ª Parte)

As nossas civilizações, começando nos tempos da Inquisição Espanhola, passando nos sangrentos sacrfícios dos Astecas e culminando nos Massacres do Holocausto, sempre caminharam para o caos. Encarámos com cinismo aqueles que pregaram a Harmonia e erguemos as nossas armas contra os seus sonhos. Quando as nossas civilizações caminharem para a Harmonia da esperança nascerá uma estrela sorridente para um futuro melhor. A nossa espécie tem de caminhar para o seu aperfeiçoamento harmoniosamente. Com aquele amor uns pelos outros e por nós próprios, aquele amor apenas concebido por algo Criador, algo que nos tivessem inventado com uma intenção. O amor que um pai tem por um filho. O amor que nos une enquanto iguais. Do erro vimos e para o erro vamos (errando) .

Relatos do Além-Mundo (4ª Parte)

Juntai-vos irmãos Estais convocados Para a reunião À face das estrelas todas as conquistas são perfeitas Aperfeiçoai o vosso charme, o vosso encanto Tudo o que se passa debaixo do sol nada é mais forte que o prazer Que possibilita a eternidade O erro mais maravilhoso de todas as galáxias Emanando mistério para o desconhecido Melhorou-se e evoluiu a raça que tudo pode conquistar Olhem as estrelas e a pequenez da abelha que provocou uma catástrofe Porque o parente era doente e não estava imune Entre esses pequenos e grandes tamanhos e para além deles Estendem-se biliões de infortúnios e erros que vão ligando tudo até sempre! Todos os centésimos de segundo triliões de acasos perpetuam o Futuro. Primeira Oração do Estelarismo (os crentes não precisam de a saber) Perdido na minha meditação Digno da tua compreensão Mais uma alma do eterno Como estrelas chovendo no Inferno Buscando a tua gratidão Tu que tudo criaste Ajuda-me enquanto desvendo o

Relatos do Além-Mundo (3ª Parte)

Em que se fala sobre o ERRO. Ao longo da história do Homem, o ERRO desempenhou um importante papel para a descoberta de novas coisas. Muitos cientistas e pensadores, errando, fizeram-nos analisar as razões dos seus ERROS (e muitas descobertas foram um ACASO) e assim nos vamos desenvolvendo (inventámos o grande conceito da TENTATIVA-ERRO). Estamos a ir bem errando através das nossas vidas para melhorar e possibilitar também a vida dos do futuro triunfante. Uma vez criada, ainda que acidentalmente, a nossa raça, temos de ajudar a promovê-la. É isto que somos, é isto que vamos ser, e temos um mundo maravilhoso para explorar. Como pode um erro criar algo tão perfeito e maravilhoso como os Himalaias e lá em baixo a fossa das Marianas, todos os corais e os Oceanos e as planícies verdejantes mais os rios e as agora as cidades para explorar. Samarcanda dourada mais a rota da seda e as iguarias, cruzando os mares, deliciando os marinheiros que acabarão por naufragar no fim da viagem. Todos

Relatos do Além-Mundo (2ª Parte)

Se nada mais somos que um longo e apurado erro à luz das estrelas, para onde devemos apontar os sentidos da nossa existência? Deviamos confrontar os nossos Criadores Acidentais com esta questão, para que eles nos explicassem para que servimos e vissem as consequências dos seus actos pouco premeditados. A expressão procurar uma agulha num palheiro ganha uma nova dimensão quando pensamos na busca que terimaos de fazer pelos nossos Criadores Acidentais. Fosse o planeta Terra um imenso palheiro, com a palha aos montes elevando-se a uma altura de 10 metros, seria mais fácil nele encontrar a tão desejada agulha do que encontrar no Universo os Criadores Acidentais. Na altura em que eles deixaram o lixo do qual derivamos na Terra viviam num planeta da estrela mais próxima do Sol. Como esse planeta se tornou, para eles, inabitável, eles tiveram de partir à conquista do espaço e povoam agora um Sistema Solar distante, como se Deus tivesse partido, ficámos sós, a fervilhar vida e evolução num

Não Gosto (XII)

Não gosto do meu heterónimo e personagem minha Nadir Veld. Este homem deprimido escreve sobre o lado imundo da vida, sem olhar para as belezas indescritíveis que a existência proporciona. Não há nada que obrigue um escritor ou um criador, a gostar das pessoas que cria, por isso jamais serei capaz de gostar de Nadir Veld . Como é do conhecimento geral Nadir é o oposto do Zénite, por isso escolhi este nome para a minha personagem, tão distante o sinto do meu eu profundo e interior que ama a existência (e não a Deus) acima de todas as coisas.

Zenit Saphyr Versus Doutor Targédia (2ª Parte)

Sei que os meus sonhos foram perturbados pelo ruído de um automóvel avançando à chuva. Isso não me acordou e quando o fiz o chão não estava molhado, por isso não soube o que pensar. O sol dourado servia de candeia para o abismo. Vi como era estranha aquela monatanha esculpida e olhei o outro lado, a pouco mais de quatro metros. Em certos lugares era fácil saltar para o outro lado, por estar menos alto, mas os lados da montanha iam competindo nesse aspecto, substituindo-se um ao outro como o mais alto. Fotografei toda aquela beleza e usei a lente para ver se a estrada tinha marcas de carros, mas fui incapaz de chegar a uma conclusão segura. A densidade das árvores não me permitia divisar o horizonte distante, por isso avancei sem saber em direcção a quê. A meio da tarde cheguei a um lugar onde havia menos árvores. Espreitando entre elas vi uma enorme casa verde com motivos do século XVIII, grandes janelas antigas e uma altura de mais de 20 metros, escondida atrás das árvores. Aproximei-

Zenit Saphyr Versus Doutor Targédia (1ª Parte)

Numa tarde sombria, duas semanas depois de me ter embrenhado na Floresta Negra Alemã, movido pela sede da conquista da bela paisagem, avançava com a câmara de fotografar em riste, tirando fotos ao pôr do sol por trás das montanhas, dourado espreitando por trás das vastas nuvens. Quando a estrela da tarde iluminou o céu e o sol começou a esconder-se vi um enorme portão escavado numa montanha. Do seu lado esquerdo e direito a a vegetação ficava mais alta, pelo que aquele caminho fora feito por homens com alguma intenção. Analisei a porta alta de ferro e pensei que se fosse preciso era possível saltá-la (tinha cerca de 4 metros). Fotagrafei-a e ao meio envolvente, escondendo depois o rolo enquanto decidia qual caminho seguir. Tomei o caminho à esquerda da porta e comecei a subir pela a montanha enquanto espreitava para o caminho que se espraiava lá em baixo e começava a ficar mais longe. Era um longo e estreito caminho onde cabia um camião. Do meu lado e do outro da fossa cresciam grandes

Zenit Saphyr Versus Doutor Targédia (Explicação)

Em 2002 estava na Alemanha, a atravessar a Floresta Negra, quando me deparei com estranhas actividades em volta de uma lúgubre casa do século XVII. Era um local belíssimo, completamente isolado, para que tenham uma ideia a aldeia mais próxima ficava a mais de vinte quilómetros. Uma vasta extensão de terras verdejantes arborizada erguia-se como única paisagem, mas ao contrário do que se possa pensar a casa não dominava a paisagem, antes estava escondida, como se tivesse sido construída num buraco, por isso, ainda que fosse uma casa alta havia árvores mais altas do que ela. Na verdade a casa tinha 72 andares diferentes, estendendo-se pelas profundezas da terra e era habitada por um estranho homem com 43 anos, de cabelos brancos grisalhos apanhados por trás de um lenço vermelho e uma vasta barba alva. Os maiores olhos que eu alguma vez vi eram a sua característica principal, espreitando por trás de uns óculos de aros dourados. Os seus olhos eram o horror...Ninguém o coseguia olhar nos ol

Felicidade

Felicidade, porque não ficas comigo só mais um bocado? Pareces sempre estar de partida Quando chegas nem me habituo à tua presença Toldado pelo teu encanto perco a oportunidade de te aproveitar Esta é uma crise eu sabia ter de chegar Destruindo o equilíbrio conquistado Arrastados pela maré negra aproximam-se Os retratos de traumas e da degradação Violências do passado Ventos Cruéis com recordações Não aguento estas novas confrontações Nadir Veld

O AMOR é um possível CRIADOR

Todos os seres vivos unidos, com as suas particularidades únicas e passageiras, explosões efémeras de existência sob biliões de formas, habitando desertos e montanhas, vales e oceanos debaixo de um Sol que brilha como um Deus-Luz, enchendo de iluminações todos os cantos recônditos, são uma só força bioquímica imensa; temos de respeitar todas as formas de existência para podermos estar unidos ao Criador, aquele que tudo fez e que se conseguiu auto-conceber a si próprio. Este Criador não é nenhum Deus barbudo habitando os céus e impondo leis às criaturas que supostamente inventou, mas sim o AMOR, que se gerou a si próprio e que através de si gera vida, permitindo-nos continuar esta marcha de seres viventes até ao infinito.

Jack D. Forbes, um Guerreiro da Liberdade

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Jack D. Forbes, descendente de nativos americanos escreveu o livro Colombo e Outros Canibais , publicado em Portugal pela editora Antígona. Nesta obra o escritor e pensador aborda a conquista da América e o domínio dos povos nativos americanos de um ponto de vista muito pessoal. Como o título do livro diz, o autor acusa Cristovão Colombo de canibalismo pela forma como tratou os índios quando chegou à América. Os nativos eram vistos como uma espécie inferior e por isso foram feitos escravos e sofreram imenso com a chegada dos europeus, que tornaram a sua vida um Inferno, depois de trazerem do "Velho Continente" os vícios horríveis e uéticos  (palavra inventada pelo autor para descrever a falta de ética na forma como os europeus lidaram com os americanos)   do "homem branco". 

Nadir Veld

No final de Agosto de 2013 nasceu em mim uma personagem literária diferente do meu eu real. Escreve de maneira semelhante, mas defende outras coisas, totalmente opostas às que defendo. Eu, que sou um acérrimo defensor da vida em todas as suas formas (até mesmo as plantas são habitadas por espíritos antigos, creio), sinto, por vezes, um apelo a escrever sobre o suicídio, coisa que, já o disse inúmeras vezes odeio profundamente. Sou incapaz de sentir respeito por um suicida, mas compreendo-os profundamente, como procuro compreender profundamente todos os acontecimentos do mundo. Esta tentativa de compreensão até das plantas é algo que, acho, me foi ensinado pelos índios... Por estas razões criei esta personagem, Nadir Veld, um personagem perturbado, nascido em 1989 e com impulsos suicidas incontroláveis. Ele escreve sobre o lado sombrio da sua vida, rejeitando a beleza que a existência tem, olhando apenas para uma dor interior imensa (que eu também sinto, por vezes, mas de forma diferent

Caos Interior

No meu peito palpitam centenas de corações em todas as direcções. Alguns estão cheios de amor para dar, outros libertam um ódio incomensurável contra os malditos, os homens que mancham a bela Terra com actos bárbaros e injustificáveis, outros vibram ao ritmo da minha compreensão celestial de todas as coisas, de tudo o que vive e de tudo o que o Criador Supremo pôs no mundo para nos servir. Quando me inclino para beber água dos rios e dos riachos curvo-me perante as estrelas e agradeço ao infinito por toda a harmonia proporcionadora de vida, pelos meus olhos para tudo perscrutar, pelas minhas pernas musculosas para todos os caminhos trilhar e pelos meus braços que culminam em duas mãos prontas a tudo realizar. Mas os meus agradecimentos à graça de todas as coisas que vivem, rapidamente são substituídos por dolorosos gritos de raiva contra tudo, todas as coisas inqualificáveis, os actos vis, as guerras e os conflitos sempre renovados, a desilusão em relação a tudo e a descrença em relaç

O Monstro Que Faz dos Homens Troféus

Um Céu Azul, mais Azul que o Azul mais Belo Cobriu os Eventos que Passo a Relatar Velhos e Novos numa Campanha para Recordar Uniram Forças para Enfrentar O Monstro que faz dos Homens Troféus Para o Conseguirem tiveram de se Superar Fundiram as suas armas no deserto Fundaram Armadas e Congregações lá Perto Rezando às alturas por um Exército de Anjos Quando o inimigo rezava pelo seu infortúnio Protegido por muralhas e a segurança da Lei À Cabeça dos Revoltados Liderava um Profeta No seu Espírito Conviviam O Sopro da Liberdade e a Voz da Razão O seu grito juntou e moralizou os fiéis que o seguiam “ Bloqueiem o atalho que vos leva ao Pântano da Traição e Sigam na Estrada do Bom Povo” Do outro lado, no campo de Batalha Os altifalantes apelavam às armas Para trazerem os seus donos para o combate Contra o inimigo generalizadamente incompreendido E todos os novos soldados com as suas espingardas Ou as velhas espingardas com os seus novos soldados

OS HOMENS VEGETAIS: Pessoas que são Agentes da Cia sem Saber

Muitas das pessoas que vos rodeiam parecem vegetar, nada fazer da vida a não ser nada fazer. Estão sentados dias inteiros nada dizendo ou dizendo muito pouco e tudo o que dizem são banalidades e as meras formalidades do dia-a-dia que parecem ser cuspidas maquinalmente pelas suas bocas que não são controladas por cérebros. ATENÇÃO! Este caso é muito sério e pode trazer-vos problemas no futuro. Quando digo que o que os homens-vegetais falam coisas que não são controladas por cérebros, refiro-me ao seu cérebro particular e único que todos julgamos ainda existir por baixo do escalpe e alojado bem dentro da cabeça. Essa força biológica que nos faz pensar e tomar as decisões correctas foi substituído por fios e máquinas muito bem dissimuladas. Quando olhamos para um Homem-Vegetal nada de anormal afecta os nossos olhos. Parece-nos um homem como nós, normalmente mais envelhecido e carcomido pela idade que a todos leva a melhor, MAS NÃO! Os Homens-Vegetais escutam em silêncio e através da form

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (32ª Parte)

O Homem Orquestra, percebendo o meu plano, avançou à minha frente, silencioso e camuflado pela vegetação. Foi destemido e eu voltei para a gruta. A certa altura ouvi um zumbido que o anunciava, fui vê-lo ao aproximar-se, perseguido por três demónios. Avançava bem à sua frente e entrou para as profundezas da gruta, onde começou a tocar mais alto sons da natureza. Os demónios estavam condenados mal entrassem na gruta. Quando eles chegaram matei-os aos três facilmente. O primeiro foi fácil de matar pois estava completamente desarmado, os outros dois viram-se afunilados pela entrada e eu tive facilidade em golpeá-los. Passados vinte minutos vieram dois demónios a cavalo à procura dos seus companheiros. Matei os demónios, mas poupei os cavalos. Salter para cima de um e ajudei o Homem Orquestra a pôr-se no dorso do outro e começou a tocar a Cavalgada das Valquírias. Peguei no espelho pelo cabo dourado que o suportava e ergui-o bem acima da minha cabeça, dirigindo o espelho para a zona de on

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (31ª Parte)

Quando chegamos à região montanhosa que eu sabia antecipar a entrada na pradaria,o cavalo caiu resfolegando de cansaço. Não conseguia continuar. Curvei-me para ele, mas em vez de o abençoar como fizera às vacas, apliquei-lhe um forte golpe de espada no pescoço e a sua alma escapou-se para outro sítio, pos na verdade ela está sempre à espera da oportunidade para do corpo se libertar, se a lei metafísica do Criador naquela galeria lho permitir. Durante um dia descemos e, quando no horizonte comecei a descortinar as verdejantes pradarias vi que a defendiam soldados do demónio. Todos iguais, mais altos que eu, com três membros assentando no chão e dois braços segurando em armas, na cabeça tinham um elmo, que abria em dois lados para de lá sairem os seus chifres, um grupo de 100. O Homem Orquestra apercebeu-se da sua presença e começou a tocar canções bélicas de vitória. Pensei e decidi atrai-los até mim, só precisava de encontrar uma gruta lá em baixo, no fim da montanha. Enquanto ia desc

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (30ª Parte)

Embora avançássemos mais lentamente, apercebi-me de uma coisa que poderia estar do meu lado naquela luta. A Humidade que se desprendia das árvores jogava a meu favor, aquele calor húmido poderia afugentar as bestas de fogo. Á noite olhei para trás e vi os seus gigantescos corpos faiscantes. O seu fogo não alastrava para as águas, que pareciam estar protegidas contra eles. Essa era a minha sorte, mas nada me garantia que eles não me apanhessem, pois estavam muito perto e o cavalo avançava dificilmente através da selva cerrada. Saltava as raízes e afastava-se de perigosos animais rastejantes e voadores. Servia-me da minha espada para os afugentar e do escudo para me proteger dos raros ataques, o Homem Orquestra assustava-os e reconfortava o cavalo que começava a percever como ele funcionava. A certa altura o Homem Orquestra falou-lhe, relinchando e eu fiquei ofendido, pois o Homem Orquestra nunca me falara na minha língua...Falava através de músicas, sim. Mas nunca directamente...Ele pa

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (29ª Parte)

Andámos três dias enquanto as bestas de fogo que haviam destruído a Terra se aproximavam. Aquele estreito monte em que avançava oferecia-me poucas hipóteses para me esconder dos monstros. Isto enquanto a chuva de meteoritos propulsionados pelos canhões de Deus ou do Criador, ou de quem quer que conjecturara aquela malidção continuava a engolir a plataforma. Ao longe no sítio das explosões erguiam-se colunas de fogo. A certa altura calculei que não conseguiria passar mais de um dia em fuga. O Homem Orquestra percebeu os motivos do meu alarme e soltou um relinchar perfeito que ecoou através do horizonte. Continuou a relinchar e, a certa altura, juro por todos os deuses, surgiu vindo dos confins do penhasco, um belíssimo cavalo branco, enorme e musculoso. Passou por nós a grande velocidade e eu aproveitei para lhe saltar para o dorso. Ele continuou a galopar e eu amansei-o falando-lhe ao ouvido. Ele abrandou e estacou quando viu as bestas. Relichou furiosamente e eu afaguei-o. Desembainh

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (28ª Parte)

Corri, quando me apercebi quão pouco protegido estava. Lá em baixo, ao longe através do nevoeiro, fileiras de demónios de fogo brilhavam como a estrela em que deixara a Terra. Olhei-os com atenção e vi que se aproximavam da Terra como bestas sedentas de destruição. Como se ela fosse uma presa formaram um círculo de fogo à sua volta. Por essa altura calculava já que a Ásia tinha sido conquistada por pessoas melhores e os pores dos sol eram mais calmos Síria enquanto a harmonia reinava na Europa. Todos os adjectivos são insuficientes para descrever aquela destruição. Aqueles abutres deploráveis destruiram a minha criação, apagaram a estrela e ficaram a arder naquele lugar, mais poderosos e agora o único ponto divisível na distância. Corri, penhasco acima e vi um monstro azul, tentando trepar o penhasco. Tinha pêlo, olhos vermelhos, uma altura de três metros e caminhava sobre apenas um membro forte que sustentava três membros de que ele se servia para a luta. Naquele momento subia agilme

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (27ª Parte)

Olhei para o buraco que, uma vez destruída a montanha, estava bem mais próximo e fumegava, como se aquele bocado de terra que não tinha sido desbastado pelo meteorito estivesse pronto a ser desfeito. O Homem Orquestra soava a tambores das profundezas, com eco. Corri para o Homem Orquestra agarrando a minha espada com mais convicção ergui-a sobre a minha cabeça e jurei que o buraco não me ia engolir. Embrenhei-me no nevoeiro onde tinha deixado a Terra. Vi a estrela, cintilando e aproximei-me, olhando para os seres vivos da Terra. Eles pelejavam por uma causa qualquer. Tinham evoluido e a sua maquinaria eram capazes de destruir países. Vi um grande canhão erguer chamas, incendiando a cidade e um avião ser abatido num Oceano. Ouvi uma grande explosão atrás de mim e recomecei a correr, regressando ao nevoeiro. O Homem Orquestra gostou de regressar à Terra e tocou alegres canções, esquecendo-se momentaneamente de que a plataforma onde se encontrava estava a ser engolida. Corremos e, atravé

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (26ª Parte)

Acordei com a ansiedade do Homem Orquestra a fazer-se ouvir através de sons desconcertantes descompassados. Quando a Terra tremeu outra vez fez o som de vidros a partirem-se. Do outro lado  do riacho elevava-se um grande cume. Baixei-me para beber água e, nos meus olhos, brilhou um reflexo proveniente de um espesso tufo de ervas. Fui até lá e encontrei uma reluzente armadura de um vermelho brilhante, um escudo prateado, um elmo de bronze e uma espada com cabo dourado. Armei-me, o Homem Orquestra começou a tocar orquestrações que apelavam à batalha e subi o cume sob o sol nascente. Quando alcancei o cume e enxerguei o horizonte vi um imenso abismo que se estendia por milhares de quilómetros interrompendo uma paisagem árida. A minha passagem estava vedada, mas ainda assim aproximei-me do buraco para perceber porque existia e se era lá que a Terra tremia. Seguia no terreno seco de terra a apenas dois quilómetros do abismo quando o Homem Orquestra soou como trovões e parou de andar. Deixe

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (25ª Parte)

Custou afastar o Homem Orquestra da Terra. Ele estava hipnotizado e captado numa órbita magnética andava de roda da esfera. Ao aproximar-me, também eu fui captado. Olhei para o Homem Orquestra e vi o tempo que ia demorar a coldirem, para nos podermos libertar. Ele tocava bonitas músicas e a vida florescia. Lá longe, o novo sol por mim plantado transmitia-lhe as forças da vida. As planícies verdejantes povoadas de mamíferos em reunião, ainda sem se compreenderem e sem saber o mundo em que estavam. Era maravilhoso poder ver toda aquela fauna crescer. Avancei, olhando as maravilhas do mundo com prazer, e acabei por colidir com o Homem Orquestra quando o sol se pôs para uma nova espécie profética, que avançando no tempo cravava nas paredes códigos para o futuro. Com essa inteligência podem ser felizes. Um velho barbudo no topo de uma montanha chamou-me a atenção. Era um explorador do desconhecido. Ao chocarmos, ele recobrou a consciência e caiu. Pos-se de pé e viu a Terra seguir o seu rum

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (24ª Parte)

A esfera era pesada e eu tranportava-a com as duas mãos, uma segurando no lugar da Rússia e outra na América. O Homem Orquestra tocava música clássica. Embrenhado no nevoeiro olhei para a Terra e vi a superfícies vazia, como se não tivesse vida. Tinha muito pouca água, pois eu tinha usado quase toda a apagar o sol. Juntei as gotas do orvalho da erva que estava no chão. Durante um mês fiquei a verter água até encher a Terra, mas continuava sem vida. Ergui-a à minha frente com apenas uma mão e ajoelhei-me. O Homem Orquestra soou triunfal e eu senti um arrepio no coração. Uma grande luz amarela surgia de mim, na zona do meu peito e o seu feixe dourado banhou a Terra. Mantive-me na mesma posição e senti o meu coração a dar à luz uma estrela para a Terra. Quente e cheio de amor, olhei para o planeta ternurosamente e a vegetação começou a crescer. Segurava a esfera na minha palma estendida quando ela começou a planar para longe de mim. Encontrou uma órbita e começou a andar à minha volta a

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (23ª Parte)

Errando pelo nevoeiro, nada se via dois palmos à frente do meu nariz. O Homem Orquestra avançava à minha frente guiando-me com sons hipnóticos. Só foi mais tarde que percebi que não só me estava a tentar hipnotizar, como também ele estava a ficar hipnotizado pelo odor do nevoeiro. Era-me estranho e familiar e também para Homem Orquestra que depois começou a soar como motores de carros ecoando na neblina. Sob os meus pés senti o orvalho nas plantas, a humidade no ar reconfortava-me, já o Homem Orquestra esse parecia determinado a conduzir-me à perdição nessa noite. A Terra continuava a tremer, de tempos a tempos, mas ele continuava sempre a avançar, mesmo muito depois de o sol se ter posto e de ter subido no céu uma estranha luz branca que o parecia guiar na noite. Percebi que era para lá que rumava. Colocou uma música de festejo, como se tivesse percebido que eu tinha percebido que era para lá que rumava. Saltei com satisfação e corri para a frente do Homem Orquestra e ele deixou-me u

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (22ª Parte)

Avançava vendo o horizonte na proa de um navio de ouro maciço que navegava o Rio de Ouro. Do céu caía a Água Miraculosa e eu contorcia-me prazerosamente sob as suas gotas numa dança de êxtase. Acordei desse sonho no topo do penhasco. Olhei para baixo e vi um demónio chicoteando fogo contra os condenados. Eles iam andando para uma armadilha e não o sabiam. Um Buraco Negro aspirava todas as almas seiscentos metros à frente. Depois de ter visto, com horror, dez almas serem sugadas desviei o olhar e decidi não mais olhar para lá. Agarrei-me ao Homem Orquestra e começámos a correr, descendo o penhasco. Então começámos a correr e as suas melodias demonstraram que sentia o companheirismo e eu agarrei-me a ele para me esquecer do Inferno e das torturas lá de baixo. Durante doze dias descemos o penhasco. Chegados a uma zona em que o fundo estava bem mais próximo, vi uma diferente tortura, que rapidamente me fez amaldiçoar-me por ter olhado. Pedaços grossos de parede, como torniquetes daqueles

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (21ª Parte)

Quando acordei, o Homem Orquestra ainda estava a tocar a mesma melodia, começando a baixar o seu som quando abri os olhos e silenciando-se quando olhei para ele. Já não estava no topo da pirâmide nem sentia a mordedura da cobra, nem via a cobra em lugar nenhum e agora a Terra tremia com imensa força. Estava na selva deitado e levantei-me irado, olhando em volta. Queria regressar à pirâmide e áquela água prazerosa. Procurei o lugar, durante vários anos, andando às voltas na selva, cumprindo semi-círculos caminhando rumo a lugar nenhum. Num final de tarde cheguei ao fim da selva e apareceu à minha frente um desfiladeiro, com um caminho penetrando em altas escarpas que se elevavam até ao céu, escondendo o sol. Avancei pelo caminho abandonado enquanto pensava no destino do Povo que construira aquela pirâmides, junto áquele lago tão doce. Avançava deconhecendo o meu destino, com o Homem Orquestra na peúgada calando o silêncio que seria tenebroso. Junto a um grupo de árvores cumpri o meu pr

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (20ª Parte)

Embalado pelo som da cítara que o Homem Orquestra tocava maravilhosamente, avancei com redobrada atenção e a cobra hipnotizada seguiu-nos fielmente. A melodia que ele tocava parecia antiquíssima, como se tivesse sido composta no princípio de Tudo. O Universo girava em volta dos sons daquele magnífico amigo e eterno companheiro. A minha existência era maravilhosa, fazia sentido, mas eu questionava-me sobre a sua durabilidade. O Homem Orquestra não comunicava comigo, nem me explicava palavra a palavra o sentido daquela existência e acho que isso o tornava ainda um melhor companheiro. Não me questionava, nem me interpelava dizendo que estava no mau caminho, antes seguia-me finalmente reproduzindo um excelente ambiente, muito inteligentemente Orquestrado. A certa altura, no nosso caminho, a selva tornou-se menos densa e a vegetação mais rasteira. Entramos numa grande estrada, bastante larga, estendendo-se cerca de metros para lá das duas fronteiras da selva que continuava. Depois de um pr

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (19ª Parte)

Enquanto corriamos para dentro da floresta pensei como a minha existência lado a lado com o Homem Orquestra fazia sentido. Ele ajudava-me eu acho que o ajudava. Parámos quando ouvimos o uivo distante do urso que agora se encontrava só. Estavamos numa densa floresta tropical. Havia árvores altas, mas ainda assim o sol brilhava através das árvores e iluminava o meu caminho. Via plantas das mais diversas cores que araçavam as árvores e subiam através delas para do seu topo observarem toda a extensa paisagem de árvores que avançava milhares de quilómetros como uma majestosa barreira. De tempos a tempos a Terra tremia e era nessa direcção que eu decidira avançar. Queria saber porque tremia a terra. Avançamos, parando apenas para dormir durante 33 dias. O Homem Orquestra continuava compassando o ritmo através da selva. Estavamos parados, enquanto eu comia um pequeno macaco que caçara quando, de trás de uma árvore, surgiu uma grande cobra que avançou para mim rapidamente. Atacou-me e mordeu-

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (18ª Parte)

Na manhã seguinte acordei e reparei que o Homem Orquestra tinha saido. Levantei-me e saí para o procurar. Mal atravessei a porta vi-o sentado tocando para os pássaros que voavam na árvore. Eles saiam das tocas e voavam dançando ao ritmo da sua melodia. Deitei-me novamente para descansar mais um pouco. O tremor distante continuava. Pensava no destino da minha viagem. A paisagem tornava-se tenebrosa ao contrário da solarenga das pradarias. Não tinha vontade nem de avançar através daquele lugar nem de percorrer a vasta extensão verdejante que deixara para trás para regressar à praia e ao Oceano, que era onde queria estar. Ao imaginar o que me esperava, perdido em pensamentos, demorei a perceber que no instante seguinte podia estar condenado. Aproximou-se ligeiro, o Grande Urso de regresso à toca. Ao entrar na gruta encurralou-me pois a entrada era também a única saída. Ao ver-me uivou de alegria, vendo o alimento chegar à toca e mostrou-me os dentes ameaçadores, pingando sangue. Ergui o

Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (17ª Parte)

O Homem Orquestra, ao avançar à minha frente, entrando na Primeira Serra Depois da Pradaria, desafinou e começou a tocar à toa músicas assustadoras, mostrando pela primeira vez ter sentimentos próprios. Olhei-o preocupado. A vasta pradaria atrás de nós, antes povoadoa com vacas estava agora vazia. Ele fora uma grande ajuda nos tempos messiânicos enquanto salvava vacas. Embalava a manhã embrulhando-a num som próprio, como que a criar sentimentos. O Homem Orquestra era o maior dos artistas. O Artista do momento que escolhe o comportamento adequado através de sons. Durante um dia ele zumbiu como um zangão, recriando esse som assustador sem aquilo que o tornava assustador. Foi fantástico converter vacas em anjos ouvindo os sons que ele escolhia. O seu medo deixou-me temeroso e fez-me encarar a entrada na montanha como algo duvidoso. Podia voltar para a Praia, mas ia ter que andar muitos anos. A Montanha era a entrada num novo mundo, depois da melancolia das pradarias. Avancei e o Homem Or