Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (27ª Parte)
Olhei para o buraco que, uma vez destruída a montanha, estava bem mais
próximo e fumegava, como se aquele bocado de terra que não tinha sido
desbastado pelo meteorito estivesse pronto a ser desfeito. O Homem Orquestra
soava a tambores das profundezas, com eco. Corri para o Homem Orquestra
agarrando a minha espada com mais convicção ergui-a sobre a minha cabeça e
jurei que o buraco não me ia engolir. Embrenhei-me no nevoeiro onde tinha
deixado a Terra. Vi a estrela, cintilando e aproximei-me, olhando para os seres
vivos da Terra. Eles pelejavam por uma causa qualquer. Tinham evoluido e a sua
maquinaria eram capazes de destruir países. Vi um grande canhão erguer chamas,
incendiando a cidade e um avião ser abatido num Oceano. Ouvi uma grande
explosão atrás de mim e recomecei a correr, regressando ao nevoeiro. O Homem
Orquestra gostou de regressar à Terra e tocou alegres canções, esquecendo-se
momentaneamente de que a plataforma onde se encontrava estava a ser engolida.
Corremos e, através do nevoeiro vi manchas de fogo, silhuetas de corpos armados
em chamas. Aprontei o meu escudo e a minha espada, pronto para a batalha. Dois
espíritos maléficos aproximaram-se à minha frente, a cilada completou-se quando
dois se aproximaram na minha retaguarda. O Homem Orquestra baixou-se,
escondendo-se na névoa. Ataquei os dois que estavam à minha frente, tendo os de
trás em atenção e escutando tudo o que acontecia. Ouvi um silvar e percebi que
tinha de atacar o da esquerda. Golpei-o e ele caiu. Protegi-me com o escudo do
fraco ataque do outro, que parecia distraído pelo barulho que eu sabia ser do
Homem Orquestra. Olhei-o nos olhos e vi a sua face com chifres, degradada, um
esqueleto ardia debaixo das chamas e parecia determinado a atacar-me. Matei-o
sem piedade. A chacina que aguardou os outros dois não pode ser descrita.
Sentia-me forte e movido com um Objectivo. Eu e o Homem Orquestra fugindo da
demolição do inferno. Olhei o céu sintético, negro, sem estrelas, que apareciam
apenas de vez em quando e pensei se conseguiriamos safar-nos. Tinhamos de
correr até ao Oceano. Depois...
Quando acabou o
nevoeiro começámos a subir o penhasco.
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