Caos Interior
No meu peito palpitam centenas de corações em todas as
direcções. Alguns estão cheios de amor para dar, outros libertam um ódio
incomensurável contra os malditos, os homens que mancham a bela Terra com actos
bárbaros e injustificáveis, outros vibram ao ritmo da minha compreensão
celestial de todas as coisas, de tudo o que vive e de tudo o que o Criador
Supremo pôs no mundo para nos servir. Quando me inclino para beber água dos
rios e dos riachos curvo-me perante as estrelas e agradeço ao infinito por toda
a harmonia proporcionadora de vida, pelos meus olhos para tudo perscrutar,
pelas minhas pernas musculosas para todos os caminhos trilhar e pelos meus
braços que culminam em duas mãos prontas a tudo realizar. Mas os meus
agradecimentos à graça de todas as coisas que vivem, rapidamente são
substituídos por dolorosos gritos de raiva contra tudo, todas as coisas
inqualificáveis, os actos vis, as guerras e os conflitos sempre renovados, a
desilusão em relação a tudo e a descrença em relação ao homem e ao seu futuro
em paz. As minhas emoções guerreiam entre elas para ver qual domina o meu
espírito. No pavilhão das minhas sensações reina um caos interior cuja chama me
consome violentamente. Um grande poeta filósofo dizia que é preciso muito caos
interior para poder dar à luz uma estrela dançante. Espero em breve poder dar
ao mundo uma obra que mostre o meu caos de emoções, a minha dor sem fim por um
mundo que poderia ser maravilhoso ser devastado por bárbaros. Sei que a
Natureza, de forma geral, não é regida pela harmonia, mas nós não fazemos parte
da Natureza, pelo menos de uma Natureza normal. Nós somos o triunfo do Tempo,
que, ao passar sobre nós, nos tornou mais lúcidos que os demais bichos, mais
aptos, mais capazes de criar conforto para nós e para os nossos próximos!
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