Assim se cumpre em mim a lei de talião (13ª Parte)
Tirei os meus olhos do
mar, sentido-me profético. Não consegui conter as lágrimas quando vi aquela
armada partir para sempre. Tinha-lhes oferecido o divino, algo em que pudessem
acreditar para os ajudar a evoluir e a existir melhor. Um pôr do sol laranja e
magnífico iluminava a nova Terra que me foi dada para explorar, pois ainda que
ainda estivesse no inferno tinha agora uma esperança nova, que me fora dada
pela voz incógnita.. Depois da areia conseguia ver apenas um grupo de árvores
que se erguiam em fila como uma barreira perfeita, como se o Criador daquele
lugar quisesse que ele se fosse revelando aos poucos. No meio da praia estava um
corpo metálico da minha altura, com quatro estruturas diferenciadas. Assentava
no chão com dois longos cilindros que acabavam unidos por um paralelipípedo, a
parte mais larga da criatura, que servia como anca. Em cima da anca estava
encaixada uma estrutura cónica com a parte menos larga virada para cima,
servindo de apoio a uma espécie de cabeça rectangular. Não tinha olhos, mas de
cada lado dessa estrutura surgiam duas profundas cavidades. Aproximei-me dele
com cuidado. Emitia um agudo zumbido intenso que me perfurava os tímpanos,
depois, esse som foi diminuindo até se tornar quase inaúdivel, até que, de um
instante para o outro aumentou a sua intensidade e começou a soar como um piano
minimalista. Percebi que estava na presença do Homem Orquestra que reproduz
todos os sons do Universo.
Comentários
Enviar um comentário