Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (18ª Parte)
Na manhã seguinte
acordei e reparei que o Homem Orquestra tinha saido. Levantei-me e saí para o
procurar. Mal atravessei a porta vi-o sentado tocando para os pássaros que
voavam na árvore. Eles saiam das tocas e voavam dançando ao ritmo da sua
melodia. Deitei-me novamente para descansar mais um pouco. O tremor distante
continuava. Pensava no destino da minha viagem. A paisagem tornava-se tenebrosa
ao contrário da solarenga das pradarias. Não tinha vontade nem de avançar
através daquele lugar nem de percorrer a vasta extensão verdejante que deixara
para trás para regressar à praia e ao Oceano, que era onde queria estar. Ao
imaginar o que me esperava, perdido em pensamentos, demorei a perceber que no
instante seguinte podia estar condenado. Aproximou-se ligeiro, o Grande Urso de
regresso à toca. Ao entrar na gruta encurralou-me pois a entrada era também a
única saída. Ao ver-me uivou de alegria, vendo o alimento chegar à toca e
mostrou-me os dentes ameaçadores, pingando sangue. Ergui o braço, tentando
convertê-lo como fizera às vacas, mas não resultou. Ele aproximou-se de mim e
já tinha erguido o braço para me esquartejar, quando, tal como eu, o Urso se
assustou com um estrondo exterior que
parecia ser provocado pelo caminhar de um gigante. Com a sua passagem, a Terra
começou a tremer. Um grito forte e agudo fez-me lembrar o das Grandes Bestas do
Passado, os dinossauros. O Urso assustado fugiu para dentro da gruta,
deixando-me numa difícil situação. Aproximei-me lentamente da entrada, tomando
cuidado para não ser visto pelo dinossauro. O meu alívio, quando deitei a
cabeça de fora, para o sol da manhã fora da gruta, só pode ser descrito com a
bonita imagem do Homem Orquestra avançando entre as árvores em alerta. Quando
me sentiu, começou a correr, mostrando-me um caminho para fugir do Urso. Corri
atrás dele e embrenhamo-nos numa floresta.
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