Eusébio
Pantera Negra, felino de relvado
Corria imparável no campo pelado
Da sua infância onde se fez
O génio que os defesas desfez
Dotado dos atributos dos Deuses
Mas, humilde como nenhum deles
Construiu a sua eterna imagem
Com o suor da sua bondade e coragem
Cruzou também ele a margem
Num barco cheio numa feérica viagem
Em que os companheiros o miravam
estupefactos
Orgulhosos por com ele entrarem
No Reino Sombrio da Morte
Onde as imagens se separam na margem
derradeira
E partem a velocidades infinitas para
o delírio
Eusébio, filho de todos,
Caíste também nas minhas mãos firmes,
Bico para toda a obra,
Às vezes até a mim me custa ser
convocado
Mas eu sou a hora que chega a toda a
hora
Em todos os lugares com todas as
pessoas
Se foi o Eusébio, todas as outras
irão atrás dele
Para sempre
Quem consegue assim ceifar uma alma
Tem de nunca pestanejar
Morreu um rei
Assassinar reis deixa-me a alma
pesada
Quero ser julgado
Sinto que sou o maior patife do mundo
Tento reconciliar-me com o Sharon
Obedeço a ritmos cósmicos
E a desastres cómicos
E não posso tirar toda a riqueza
Sem levar alguma malvadeza
Eusébio espalhou emoção
Espalhou a sua glória
Foi consagrado rei eterno com a sua
partida
Mas nunca vai saber
Nem com mais nada contribuir para os
Ritmos do Mundo
Pois ninguém é Rei no Reino Invísivel
do Nada
Eusébio, a tua imagem reflectida,
Remata uma única bola contra a baliza
deserta
Com a direcção que lhe parecia certa
Corre para ela novamente
Confortando-se com ela para a
eternidade
Jogando, jovem e livre
No Reino Esquecido da Morte
Alvos Millar
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