O que é a droga?

-Eu estava a ir por uma estrada e deixei de me lembrar qual a estrada em que estava, mas isso não me impediu de continuar a escolher saídas.

É esse o seu prazer em fumo?

Escapamos de tudo e de pensar tudo e perdoamo-nos por pensar o que pensamos.

Ela vai voltar sempre enquanto estivermos dispostos a recebê-la. Elas chega-nos dos cantos recônditos da cidade...Todos os caminhos levam a ela.

Quando é ela que nos conquista e guia a consciência? Aí ainda não estamos perdidos, mas vivemos num mundo à parte, alheios, verdadeiramente alheios.

O sono é a mais pesada das drogas, à qual todos temos de ser submetidos...Morfeus é o deus do sono e de da droga...embalados na semi-inconsciência de pensamentos eternos a fazer brilhar teias na nossa imaginação e depois uma gargalhada faz-nos sentir uma explosão azul através da noite e a luz de néon parece a madrugada e tudo o que nos sentimos à flor da pele nos atinge. Sentimos com uma percepção mais aguçada. Sonhamos outra coisa mirabulante como a nossa própria morte, ou uma viagem de avião pelos mares.

Qual o destino daqueles que a consomem e não vivem na "pureza"? Fazendo isto parte da Natureza, da criação de deus, não será algo utilizável? Será um veneno? É assim referido muitas vezes, mesmo por muitas mentes brilhantes que falaram sobre drogas...Baudelaire critica os seus efeitos de adormecimento do homem ainda que admita a possibilidade de elevação da alma.

É inegável que é natural ao homem procurar algo que altere o seu estado mental...A possibilidade de vaguear acordado num sonho num paralelismo fantasioso para uma imaginação fértil é algo inerente ao ser humano que busca escapar ou descobrir...

A esquizofrenia é um tumor da droga. A lunacia, a mania da perseguição e todas aquelas pessoas normais que se transformam em temerosos assassinos ou espiões enviados por pessoas que nós julgamos estarem furiosas, quando na verdade já se esqueceram ou nem sequer sabem que existimos, todos aqueles padres que se transformam em palhaços em cerimónias solenes e a minha gargalhada abafada ecoa na arcada e todos me olham e não quero saber, ainda que a reprovação me afecte a alma delicada, aceito tudo sem transparecer um sentimento pelos olhos transbordantes e ardentes em vermelho dourado brilhando. Batalhamos em cruzadas sem propósito e ninguém percebe a nossa valsa absurda e sentimo-nos miseráveis por nem nas nossas mágoas podermos prestar explicação para o que as pessoas não querem buscar. Na última frase perdi-me...Há uma tempestade constante, como a de Júpiter, no centro do meu cérebro...um turbilhão que só tem tendência para aumentar...

Almas despidas da capacidade de empreender. Almas aprisionadas num pensamento ou numa coisa que não aconteceu.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Contos Eróticos de Fernando Bacalhau (Alexandra Lencastre)

Dicionário com palavras pessoais

Não Gosto (XXVIII) - Joana de Vasconcelos