A Cronlogia da minha vida

1959 - Nasço em Tapuy-Borã, no Sul do Brasil. Não conheço a identidade do meu pai. A minha mãe cria-me com carinho e baptiza-me. Agora chamo-me Zenit Saphyr, os meus amigos tratam-me assim, mas em tempos chamei-me Zênite, a forma abrasileirada de Zenit.

1963 - Oscar Zândavalli, amigo de minha mãe, é brutalmente assassinado. Ele oferecera-me a primeira bola que eu tive e era muito próximo de mim. Senti a sua falta.

1964 - Adjalmo Saldanha, um dos principais fazendeiros de Tapuy-Borã/Mundo Novo e um dos homens mais importantes da aldeia, ensina-me a ler e a escrever, com a ajuda de outros locais. Aprendo rapidamente e começo a ler bem nesse mesmo ano.

1965 - Neste ano comecei a embrenhar-me em leituras profundas com apenas seis anos! A minha mãe tinha muitos livros em português que lhe foram legados por um amigo inglês que conhecera em São Paulo, Jack Goodman. Nunca me esquecerei do nome deste senhor cuja história de vida foi bastante trágica. Era um poeta cheio de talento, mas suicidou-se com apenas 22 anos. A minha mãe guardava com carinho os seus poemas depressivos e tristes, que revelavam o excesso que o levou a viver demasiado depressa, mas, como dizia o poeta, "Mais vale arder que desvanecer". Entre 1965 e 1972 li muitos livros de viagens de Júlio Verne a Jack London passando por Mark Twain e Homero. Foi nesses 7 anos da minha infância que comecei a encher-me de cultura e de culturas, de tradições e ideias e ideais!

1972 - O ANO MAIS IMPORTANTE DA MINHA VIDA! Depois do segredo sobre o meu passado ter sido revelado, e eu ter percebido que nunca ia saber ao certo quem era o meu pai, fugi de casa, de tudo o que conhecia. Mundo-Novo ou Tapuy-Borã ficou para trás e nunca mais lá voltei. Nunca mais vi a minha mãe, nunca mais vi Adjalmo Saldanha, meu possível pai. 15 dias depois de ter fugido de casa fui adoptado por uma família de índios Guatós, cuja tribo tem a particularidade de não viver numa aldeia em grupo, mas sim em unidades familiares nómadas, nunca com mais de seis elementos. A minha família era constituída por sete pessoas, o que era uma excepção (erámos a família mais numerosa das que conheci). Esta família era composta por um ancião, que devia ter cinquenta anos, o filho dele, a mulher de seu filho, os seus três filhos e eu.

1974 - A família de índios Guatós com a qual eu vivia foi barbaramente assassinada por indíos guarani, num acto de vingança cujos contornos vim a perceber mais tarde, quando aprendi a falar fluentemente tupi-guarani. Nesse dia fatídico foi assassinado o mais velho do meu grupo, o seu filho, a mulher dele e o filho mais velho de ambos. Eu e a filha fomos poupados e feitos prisioneiros.

1996- Neste ano, depois de grande esforço, consegui a minha excomunhão da religião cristã, que na verdade sempre detestei. Ao longo de toda a minha vida envolvi-me em quezílias com padrecos, agredi alguns bispos, fumei charros em Igrejas, roubei Bíblias e caixas de esmolas de igrejas de todo o continente Americano, destruí algumas relíquias preciosas e sagradas, peguei fogo a uma pequena Igreja numa aldeia de El Salvador, entre outros pequenos crimes contra a fé (incluindo a minha total descrença em Deus a partir de 1975). Hoje em dia arrependo-me de ter feito estas coisas e até comecei a escrever um livro de poemas que é um pedido de desculpas em relação a esta atitude (continuo sem acreditar em Deus, mas compreendo melhor que algumas pessoas precisem de ter essa bengala essencial à vida por dar esperança).

1998 - Fui preso em New York por "incentivo à delinquência", juntamente com um amigo meu. Fui libertado dois meses depois.

2002 - Enquanto viajava pela Floresta Negra na Alemanha enfrentei e venci o Doutor Tärged, um demente com ideias neo-nazis, depois de o ter espiado por dois meses durante o verão. As coisas que lá vi serviram-me para escrever Zenit Saphyr Versus Doutor Tragédia. No Inverno deste ano, quando passeava numa floresta romena, encontrei uma criança abandonada que adoptei.

2013 - Em Março criei uma página de Facebook onde comecei a publicar os meus novos escritos (os antigos continuam escritos à mão, sem terem sido passados para computador. Pela primeira vez disponibilizei para toda a gente um filme realizado por mim, Ensaio a Vermelho, um filme sobre a violência.