Les Temps du Loup

Neste filme sinistro Haneke mostra-nos um grupo de homens e mulheres num cenário pós-apocalíptico à espera de um comboio que os venha salvar. Assim como o Nadir Veld, eles estão parados num limbo de pré-vida, numa ânsia de serem salvos, de serem levados da terra do terror para a planície dos rios abundantes, onde os víveres chegam para todas as pessoas que vivem numa comunhão pura de sorrisos transbordantes a cada encontro, a cada olhar. Contudo esse comboio não vem e o dia da felicidade não chega, pelo que as personagens vão caindo em pesadelos maiores e guerras entre elas, como se vê muitas vezes em filmes que se passam em situações limite como O Ensaio Sobre a Cegueira ou A Estrada. Desesperadas, as pessoas lutam umas contra as outras pela sua sobrevivência nas melhores condições, cegas pela fome que as impede de ver que se podiam ajudar em vez de se enganarem e de se torturarem para sempre.

O Michael Haneke tem uma mente doente, muito doente. Acredito que ele se reveja na personagem do garoto ladrão que fala para dentro e só com a menina e que quer estar longe de toda a gente.



Tu ias mesmo matar-te se não te salvassem a pele do fogo no último momento

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