Novidades caso (Sebastian Colțescu)

 1 - Infelizmente nunca mais se falou nada sobre o caso do jogo PSG - Bașakșehir, em que ocorreram vários episódios lamentáveis. Segundo uma notícia recente parece que o árbitro acusado de racismo tem agora um advogado espanhol e está disposto a ir até às últimas consequências caso a UEFA venha mesmo a considerá-lo um racista e está mesmo a pensar em pedir uma indemnização de milhões de euros (În plus, Sebastian Colțescu are și un avocat spaniol care să îl reprezinte în eventualele procese, alături de care are de gând să ceară despăgubiri de milioane de euro, site romeno de notícias, playtech.ro).
Será muito difícil a UEFA não o condenar ainda para mais tendo em conta as proporções que o caso tomou, mas eu não consigo deixar de pensar na hipocrisia mundial que o caso gerou sobretudo entre as pessoas que não leram a notícia até ao fim e se quiseram pôr do lado de quem estava a gritar mais alto só porque sim, porque Pierre Achille Webó estava a gritar mais alto e parecia ser um evidente caso de insultos racistas contra negros, por isso, pronto, não vale a pena pensar muito no assunto, vamos avançar todos sobre este árbitro e crucificá-lo em todas as redes sociais, também o que é que importa, é só um árbitro e é romeno, ainda por cima, terão pensado as pessoas.
Uma coisa sobre a qual tenho reflectido é porque é que a vítima do racismo, Pierre Achille Webó, que estava sentado no banco do Bașakșehir, não se insurgiu quando as pessoas do banco da sua equipa (ou talvez ele mesmo, não se sabe ao certo de quem são as vozes) gritavam insultos ao árbitro da partida, insultos que usavam a origem do árbitro para o menorizar, recordando que a França não era a Roménia e que o árbitro até poderia ser cigano visto ser desse país. Eles usaram isto para insultar o árbitro, no entanto isto não incomodou Webó que acabou depois por ficar muito zangado, com alguma razão, sem dúvida, por Sebastian Colțescu o designar por “aquele ali, o negro” na hora de indicar quem, no banco do Bașakșehir insultava com mais veemência para que fosse expulso. No caos de berraria não se percebe que insulto Webó lhe dirige, mas, num momento da discussão posterior, o ex-internacional camaronês acaba por deixar escapar a curiosa pergunta exclamativa “porque é que este sujo de merda me está a chamar ‘negro’?!”. 
Estou com bastante expectativa para ver qual será a punição da UEFA em relação a Sebastian Colțescu e como a justificarão. É um caso cheio de uma complexidade que as pessoas, habituadas que estão a ver o mundo com a simplicidade fanática de quem tem de tomar partido por uma facção, analisaram de forma rápida e nada profunda. Eu estarei sempre do lado dos humilhados e dos oprimidos e este caso não me parece tão simples como muitas pessoas e os jogadores do encontro o quiseram tomar, vindo depois com as suas bandeirinhas e os seus abraços e frases ocas de “say no to racism” quando têm o seu salário pago por ditadores como Erdogan que chacinam curdos e perseguem homossexuais ou sheiks qataris cuja fortuna tem origem duvidosa.


2 - Depois de publicar o texto de cima no Facebook vi que quatro ou cinco pessoas me desamigaram devido ao conteúdo do mesmo. Isto é incrível e revoltante, é um tema tão óbvio e há tantos fanáticos que se recusam em simplesmente ver e aceitar o que aconteceu, é absolutamente inacreditável. Não há dúvidas nenhumas sobre o que se passou, nós sentimos ao ouvir as palavras e os acontecimentos uma clara maldade do lado do banco do Bașakșehir. A equipa técnica tem a evidente intenção de insultar o árbitro usando a sua origem, essa maldade e essa xenofobia é mapeável, palpável, podemos facilmente senti-la, com que intenção alguém pode gritar “This is not Romania” a não ser rebaixar este país e as gentes deste país? Este comportamento verbalmente violento e agressivo é normal nas gentes do futebol e Pierre Achille Webó e as demais pessoas do banco turco não mais fazem a não ser perpetuar essa linguagem agressiva e maldosa com que tantas vezes são brindados os juízes da partida, quase sempre os principais visados depois de uma equipa ter um mau resultado. A culpa é sempre do cabrão do filho da puta do árbitro, paneleiro do caralho, era matá-lo, atirá-lo ao rio, está comprado, o palhaço, de certeza que lhe pagaram, corrupto de merda. É sempre assim e não há grande punição a essa linguagem desbragada com que o árbitro é brindado. Ele é sempre o elemento mau. 
Eu tentei relatar os eventos como eles se passaram e isso valeu-me desamigamentos e gente que se vai embora, tapam os ouvidos, “não quero ouvir mais, não estou a ouvir, não estou a ouvir, eu já decidi o que aconteceu neste caso sobre o qual quase nada li e nada vai alterar a maneira como eu olho para os acontecimentos”. Que infantilidade, que gente cretina e simplista que precisa que coisas más aconteçam para se catapultarem e se revoltarem. E se a coisa má nem sequer aconteceu então inventa-se e mente-se, que raiva me dão estes imbecis que se escudam numa falsa luta anti-racista e depois são racistas e defendem o racista que decidiu usar a palavra “cigano” para insultar um romeno. Aí não há problema nenhum em evocar uma etnia para humilhar. Agora dizer “aquele ali, o negro” para indicar o único negro no meio de brancos já é o fim do mundo…esta actualidade está tão doente…


3 - Verifica-se que há certas organizações e pessoas que só existem à conta da promoção do racismo e da sua exacerbação. Se não estiver a acontecer nada de evidentemente racista, então inventa-se. Eles não estão minimamente preocupados com o racismo real, com as pessoas que chegam ao Rossio às seis da manhã e saem dos comboios a correr para os seus trabalhos mal pagos. O que é que isso interessa quando se pode inventar uma cena qualquer que até parece racismo, que eles, os intelectuais indigentes que são incapazes de ler uma notícia até ao fim, dizem que é racismo? Se eles dizem é porque é…

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Contos Eróticos de Fernando Bacalhau (Alexandra Lencastre)

Dicionário com palavras pessoais

As Mais Belas Palavras da Língua Portuguesa