Versículo Místico (VIII)

Agora que ouvistes a minha leitura com atenção
A Palavra do Senhor Chegou ao vosso coração?
Ou estais entre os que o têm duro, vulto do perjuro?
A sombra que de vós nasce entenebrece
Os Mares e os Céus da sua Criação
Quereis pô-lo à prova com essa ingratidão?
Pois não é por demais evidente que não fostes vós quem elevou ao céu mais alto o zénite
E enterrou no céu mais fundo o Nadir deste mundo?
Não fostes vós que fertilizastes os campos imemoriais
Nem fostes vós que concebestes o sabor da cereja
Numa tarde esperançosa de início de Verão
Apenas podeis teorizar sobre a sua cor rubra
E depositar nela os vossos olhos burros
Estupidamente encantados por apenas uma das suas Magias
Ele é o Encantador
Fez girar as estrelas e o Mundo
Cria o que quer num segundo
Porque sois tão incrédulos?
Demorais milhares de anos a perceber as coisas que Deus fez com a simplicidade de um gesto ternurento
Quantos anos vos faltarão para perceberes o seu Amor Universal?
Criais ciências em que investis todo o vosso poder
Para conseguir perceber as coisas simples que Ele criou
Pois Ele é o Insondável, o Senhor dos Mundos
Não tem forma, é puro espírito vagueando entre as dimensões a que tem acesso
Sempre contemplando a Terra como uma das suas Criações
Quando algo vos corre mal e ergueis o punho para os céus conjurando pragas contra Deus
Creis que porventura as vossas preces o chamarão?
Ele é o Mistério
Por isso se algo te corre mal
Será que está mesmo a correr mal
Pode-se sempre estar pior
Mas se vos agastais com as vossas dores e vos queixais dia e noite não fazendo nada
E quereis que Deus salte da sombra e vos ofereça um cordeiro numa bandeja de ouro
Então estais num extravio manifesto
Acaso ele não terá mais que fazer?
Sentis-vos abandonados?
Contemplai as árvores que continuam verdejantes
Os seus ramos que
num balanço lento
Cantam a canção do vento
Acaso não terá sido ele o Criador do Movimento?
Não desesperais, pois ele é o Senhor do Vento
Seguramente soprará novas brisas para os infelizes

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