Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (6ª Parte)

Pela primeira vez a minha alma do corpo estava separada. Não conseguia ver, mas sentia com uma força inimaginável. Estava leve como uma pena e voar era fácil. Aproximei-me das nuvens, já muito tempo depois da subida do demónio ter cessado e só parei muito depois, parei completamente, cessei todo o movimento para escutar. Um estrondo enorme vindo debaixo de mim anunciou que o vulcão ia entrar em actividade. Senti explosões demenciais e, das alturas, vi que debaixo de mim tudo estava iluminado. Parti em busca de uma alma prestes a nascer, para que a pudesse habitar em vida. Numa planície vi uma vaca grávida e entrei nela, mas rapidamente fui expulso, quando vi que nela habitava já uma alma mais forte que a minha. Enquanto cruzava os céus a grande velocidade, comecei a ser capaz de ver melhor e a sentir a essência da vida, a pureza inicial. Em vários corpos tentei entrar e em todos a alma nova que ao corpo ia dar vida triunfou sobre o meu. Uma égua estava a dar à luz um pequeno potro e eu tentei habitá-lo mesmo no momento da concepção. Fiquei horrorizado, quando vi o corpo do pequeno cavalo cair no chão sem vida. Dentro dele saiu uma alma enraivecida que me amaldiçoou para a eternidade. Tentou alcançar-me, mas éramos ambos etéreos, por isso não pode fazer-me nada. Eu não sabia nada sobre as regras do Mundo das almas e foi isso que ele me fez saber, à distância, enquanto chorava por não ter conseguido aceder à vida novamente. Voava a grande altitude, quando Zeus o Deus dos deuses dos Céus, foi avisado do meu horrível crime. As nuvens enegreceram o céu e um temível trovão cruzou os céus atravessando a minha alma que voava.

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