Mortos Recentes

Todos são lindos quando morrem
Nem bem nem mal fazem
Os corpos que agora desligados
outrora roçaram a perfeição,
Mas estão hirtos e frios
Velados por lágrimas e soluços
Que trepam pelo peito
Garganta acima até ao medo
Das mortes futuras
E toda a recordação
De tudo o que podia ter sido feito
E não foi
Alimenta o arrependimento
e então o desgosto e a angústia
estendem-se como um tapete de mar
por um horizonte cinzento
na noite cheia de estrelas moribundas


Alvos Millar

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