Comiseração (III)
Todos os Cruzados que falham a vida, meus irmãos em agonia, cruzam descalços um caminho de trevas e silêncio até ao Sol escaldante, atraídos pelo calor que dele emana, fogem ao frio das reacções da Terra. Por vezes saltam para piscinas de lava e o calor da Terra dá-lhes um lento abraço final. Na Terra, todos os seus lamentos foram ignorados. Na Terra foram rejeitados, por isso acharam que indo um pouco antes para a terra que o seu tempo determinado encontrariam a paz. Mas a morte não é o fim. A morte é a agonia perpétua, num silêncio mórbido, numa escuridão eterna, num corpo que sentimos e que não controlamos. Assim que passamos para o outro reino deixamos de nos mover, assim que nos fecham os olhos deixamos de ver, assim que se fecha o caixão deixamos de ouvir, assim que nos depositam a casa eterna na terra húmida e lançam a primeira terra por cima da nossa fortaleza sentimo-nos sós.
É assim
No Outro Reino
O da Morte
Acordamos sós
No momento em que nós
Como os nossos avós
Entendemos a morte
Como é:
Um espelho da agonia da Terra
Em que por mais que tentemos
Não andamos para fora de nós
Nadir Veld
É assim
No Outro Reino
O da Morte
Acordamos sós
No momento em que nós
Como os nossos avós
Entendemos a morte
Como é:
Um espelho da agonia da Terra
Em que por mais que tentemos
Não andamos para fora de nós
Nadir Veld
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