Não Gosto (XXXIII)

Detesto quando alguém diz que não se arrepende de nada do que tenha feito para dar ares de ter uma personalidade forte e decidida, capaz de tomar sempre as decisões mais sagazes nas circunstâncias da sua vida. É uma estupidez completa alguém dizer uma coisa tão afastada da realidade, porque todos os dias fazemos muitas coisas, por mais pequenas que sejam, que podíamos ter feito de maneira ligeiramente diferente e conseguiríamos um melhor resultado. Não estou com isto a dizer que as pessoas devessem ter a minha atitude de constante auto-repreensão pelos mais pequenos erros cometidos (isso pode levar as pessoas à loucura, gritando consigo próprias interiormente, explodindo em pura raiva psicótica incontrolável), mas parece-me impossível que numa vida vivida com intensidade não haja milhares de motivos para arrependimentos. O arrependimento até tem um efeito estruturante no desenvolvimento da interioridade de cada um. Já há muito se diz que aprendemos com os nossos erros, por isso atirar para debaixo de um tapete os disparates que fizemos e deixá-los lá esquecidos em vez de os analisarmos e sofrermos parece-me uma atitude cobarde e infantil. Os meus remordimentos brilharão alumiando o caminho dos meus seguidores que buscam a perfeição.

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